Apagão se tornou a ‘desculpa perfeita’ para investidor sair da Bolsa, diz gestor

"Mercado bateu em cheio nas ações do setor industrial sem antes ponderar qual seria o real impacto", disse Fernando Araújo, da FCL Capital; Gerdau foi uma das mais penalizadas

Paula Barra

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SÃO PAULO – O risco de um apagão no Brasil se tornou a “desculpa perfeita” para os investidores se desfazerem de suas posições neste ano. Segundo Fernando Araújo, gestor da FCL Capital, que administra R$ 15 milhões em recursos em fundos de ações, o mercado já estava, em geral, mais nervoso, e quando pipocaram as notícias de falta de chuva, aumento dos preços de energia no mercado à vista e possibilidade de racionamento, o investidor não teve dúvida e se desfez de ações sem ponderar antes o risco real.

“Os nervos já estavam à flor da pele e quando veio a questão do risco de racionamento a primeira reação foi sair imediatamente de qualquer papel que estivesse mais exposto ao setor de energia. Isso fez o mercado bater em cheio em ações do setor industrial sem antes ponderar qual seria o real impacto. Tiveram ações que foram prejudicadas sem motivo”, disse o gestor em entrevista. 

Entre esses papéis, Araújo destaca Gerdau (GGBR4), empresa que faz parte do portfólio da FCL. Para o gestor, a siderúrgica foi bastante penalizada sem motivo (a ação acumula queda de 20% neste ano), pois somando a geração própria de energia e o volume já contratado, a empresa já assegurou toda sua demanda para 2014, explica. “Mesmo assim, apressadamente, o mercado penalizou os papéis”, complementou. 

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Recentemente, o Morgan Stanley listou em relatório as empresas da Bolsa que seriam as mais afetadas num cenário de racionamento. Segundo o banco de investimentos, Usiminas (USIM5), Minerva (BEEF3) e Gerdau são as mais expostas, com os gastos de energia representando 40,6%, 31,8% e 27,3% do Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), respectivamente. Mas, para Araújo, há um quadro geral de sentimento negativo exagerado.

“Os investidores não avaliaram muito os impactos em cada empresa”. No caso da Gerdau, explica, 30% da geração de energia é própria e o restante já está contratado, ou seja, um aumento no preço da energia à vista não teria um impacto muito relevante na empresa agora. “Obviamente, o aumento no preço de energia traz um impacto à empresa. Mas a queda de 20% da ação este ano já precifica todo esse risco”, disse.

Oportunidades…
Além das ações da Gerdau, Araújo acredita que é possível encontrar algumas boas oportunidades de compra nesse cenário. Segundo ele, companhias de agrobusiness, como Minerva, e de serviços. Dentro do setor industrial também cabe estudar profundamente a realidade de cada empresa.

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“Ao longo dessa meia década e meia após o último racionamento que o Brasil enfrentou, as empresas ficaram razoavelmente mais bem preparadas. Não sofreriam o mesmo baque que em 2001”, afirma o gestor.

… e perigos
Do outro lado, ele comenta que teria mais preocupação com empresas de aços planos, como as siderúrgicas CSN e Usiminas e a fabricante de aeronaves Embraer (EMBR3).