Fechar Ads

Call dos gestores: aos poucos, o mercado volta a falar de Brasil

Após o evento da delação da JBS, muitos gestores reduziram significativamente as estratégias voltadas para juros no Brasil - mas País voltou a chamar atenção do mercado
Por  Equipe InfoMoney
info_outline

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Por Felipe Relvas*, Investor da XP Investimentos

Quando olhamos o índice IFMM, métrica utilizada pelo mercado para avaliar o desempenho dos fundos multimercados da indústria, conseguimos verificar que houve um bom desempenho na comparação com o mês de maio: o índice teve uma performance de 1,19% versus 0,81% do CDI.

Após o evento da delação da JBS, muitos gestores reduziram significativamente as estratégias voltadas para juros no Brasil. O otimismo que havia até então com as reformas e possibilidades de um juro nominal menor a longo prazo no país fizeram com que muitos deles fossem pegos de surpresa diante da instabilidade política instaurada. Naquele momento, reduzir o risco foi a principal medida diante de um novo cenário que estava se formando e exigia uma nova leitura.

No mês de junho, essas estratégias voltaram a chamar a atenção dos gestores de multimercados. A possibilidade de um IPCA mais fraco que o esperado faz com que a maioria dos estrategistas voltem a dar atenção a possibilidade de corte de juros maior do que a já precificada. Muitos gestores vem projetando um IPCA menor que 3,5% e isso volta a gerar possibilidades na curva de juros para boas performances, principalmente com maior convicção na parte curta da curva, onde a estratégia é muito mais impactada pela política monetária. Outros gestores já olham com atenção as NTN-Bs para estratégias mais a longo prazo, de olho em um juro real menor do que o precificado atualmente.

Por outro lado, fica muito evidente também que o fator câmbio é o único em que não há consenso para montar uma posição mais estrutural. Ou seja, as incertezas com o cenário somadas a possibilidade de intervenção do BC via swaps gera apenas “oportunidades táticas”, segundo a maioria dos gestores. Nesse caso, operar o direcionamento do real parece fora de cogitação no curto prazo e faz com que a maioria opere outras moedas no momento.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

 Outro fator que gera certa cautela na visão dos gestores é a questão do externo que, no momento, está “ajudando” com uma volatilidade bem menor se comparada aos últimos anos para as economias desenvolvidas, o que gera um fluxo natural para o mercado emergente. Esse ponto chama a atenção uma vez que qualquer mudança de cenário nas economias globais pode fazer fluxo para emergente “secar”.

 Em resumo, os fundos multimercados aumentaram no últimos mês o risco em juros Brasil, de olho em novas oportunidades após o black swan de 18 de maio. Claro que os gestores possuem targets de volatilidade e retornos variados e isso é ajustado a partir de cada estratégia e mandato dos veículos.

 

*Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie com ênfase em finanças, atua no mercado financeiro desde 2010 e tem passagem pelo Bradesco e também pelo BTG Pactual, inicialmente na área gerencial de juros e câmbio (mercado local, Latam e EUA) e, posteriormente, se tornou gestor de fundos exclusivos no segmento de Wealth (portfólio solutions).

 

Compartilhe

Mais de Thiago Salomão

Thiago Salomão

Os 6 rounds do histórico embate entre Marcio Appel e Rogério Xavier

De um lado, a gestora que teve uma das ascensões mais meteóricas da história do mercado brasileiro; do outro, uma gestora de 8 anos de história que de tanto sucesso teve que "se internacionalizar"; com princípios tão diferentes e opiniões distintas de investimento, os fundadores da Adam Capital e da SPX reforçaram uma lição valiosa para o público: não existe uma fórmula mágica de sucesso no mercado, muito menos "certo" ou "errado"