Com nova direção, Via Varejo pode se recuperar na Bolsa? XP destaca 3 temas para ficar de olho

XP retomou cobertura para ações VVAR3 com recomendação neutra, destacando que é preciso ter mais visibilidade sobre a estratégia e o impacto nos resultados sob a nova gestão 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A XP Research retomou a cobertura para as ações da Via Varejo (VVAR3), dona das Casas Bahia e Ponto Frio, com recomendação neutra e novo preço-alvo de R$ 5,70 por ação, o que corresponde a um potencial de valorização de 14,7% em relação ao fechamento da última quinta-feira. 

Mariana Vergueiro, analista da XP, aponta que a venda da participação do Pão de Açúcar (PCAR4) – e que tornou a família Klein, fundadora das Casas Bahia, a maior acionista da empresa – foi positiva para a Via Varejo, mitigando assim incertezas  potenciais compradores e eventual oferta a mercado.

Porém, faz uma ponderação: “é preciso ter mais visibilidade sobre a estratégia e o impacto nos resultados sob a nova gestão para ter maior convicção em relação à tese de investimento positiva”.

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A analista lembra que, desde agosto de 2018, as ações da Via Varejo registram queda de 39% por conta dos resultados ruins tanto por conta de problemas internos da companhia quanto da conjuntura econômica. Neste sentido, avalia Mariana, há um espaço significativo para que a varejista melhores suas operações se a estratégia for bem executada. Assim, ela estaria bem posicionada para o ciclo de recuperação econômica do Brasil, mas em 2020. 

Para tanto, há alguns passos para isso, conforme ressaltado em relatório da XP. Em primeiro lugar, é preciso recuperar as margens da empresa, sendo necessário um aumento dos 2 pontos percentuais de margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) perdidos em 2018 e retorno a um nível de rentabilidade de 6% a 7% visto em 2017. 

Depois, a discussão passa a ser qual é a margem de longo prazo potencial para a empresa. Enquanto as vendas da Via Varejo são 75% superiores a do Magazine Luiza (MGLU3), o que refletiria a princípio em maior poder de barganha com fornecedores, a margem bruta de mercadorias é de 4 a 6 pontos percentuais abaixo do concorrente. Assim, uma das iniciativas para 2019 é justamente melhorar o relacionamento com os fornecedores, focando em planejamento de vendas para otimização do ciclo de produção e de mix de categorias. 

A melhora de rentabilidade será um fator importante para o desempenho das ações e, com a estratégia correta, a diferença em relação ao Magalu pode cair.

Para monitorar a evolução desses pontos tão importantes para a Via Varejo, a XP destaca três temas principais: i) quem serão os responsáveis pela liderança e execução da estratégia; ii) como a Via Varejo recuperará o e-commerce, negócio com dificuldades estratégicas mais desafiadores e iii) quais são as iniciativas para retomar o crescimento das lojas físicas. 

Com relação ao primeiro ponto, a XP destaca que agora a Via Varejo está “sob nova direção”, com o anúncio de um novo time de gestão com Roberto Fulcherberguer (membro do Conselho e na empresa desde 2003) como presidente; Abel Ornelas Vieira (que trabalhou no Magazine Luiza, na Pernambucanas e no GPA) como Diretor Comercial e de Operações; e Orivaldo Padilha (já trabalhou na empresa e também passou pelo Carrefour, GPA, St Marche e Walmart) como Diretor Financeiro e de Relações com Investidores. Por fim, Michael Klein assumiu a presidência do Conselho. Segundo a XP, além das mudanças nos executivos de alto escalão, contratações adicionais no nível intermediário da gestão também podem ser necessárias. 

Em relação ao e-commerce, a analista aponta que houve uma instabilidade do sistema na operação online vem impactando as vendas negativamente desde o quarto trimestre. Porém, a empresa destaca que a operação tem melhora e já no segundo trimestre a maioria dos ajustes deve ser concluída. Agora, o foco é a integração das operações online e lojas físicas e, com isso, é preciso cada vez mais que a veia da inovação se enraize na cultura da empresa para que os investimentos se tornem mais otimistas.

“Nesse sentido, achamos que o anúncio de quem liderará a operação de ecommerce, bem como a estratégia para o negócio, devem atrair a atenção do mercado”, afirma Mariana. 

Por fim, o destaque para o progresso das iniciativas já em curso para melhorar o desempenho das lojas físicas, sendo destaque a remuneração da equipe de vendas. Assim, o objetivo é realinhar os incentivos com foco na conversão, mix de produtos e penetração de serviços, o que na nossa visão deve contribuir para a recuperação das vendas. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.