Vale deve registrar lucro de mais de US$ 2 bilhões no 2º tri com minério em alta compensando custos

Ao mesmo tempo em que a produção sofrendo restrições é uma má notícia para a Vale, os recorrentes recordes do preço da commodity - também em meio aos problemas da mineradora - devem impactar positivamente o balanço da companhia

Lara Rizério

Publicidade

SÃO PAULO – Altos preços de minério de ferro ofuscando os embarques ainda fracos e maiores custos na produção por consequência da tragédia de Brumadinho (MG), o que deve levar, no fim das contas, a um bom resultado do segundo trimestre de 2019 para a Vale (VALE3). 

Esta é a estimativa dos analistas de mercado para o balanço a ser apresentado pela mineradora nesta quarta-feira (31), corroborando a tese de investimentos que permeia a companhia desde que houve o rompimento da barragem da mina de Córrego do Feijão, em 25 de janeiro.

As projeções apresentadas em relatórios para o lucro da companhia vão de US$ 2,5 bilhões a US$ 2,9 bilhões no segundo trimestre, um valor até 38 vezes acima dos US$ 76 milhões registrados entre abril e junho de 2018. 

Continua depois da publicidade

Ao mesmo tempo em que a produção sofrendo restrições é uma má notícia para a Vale, os recorrentes recordes do preço da commodity – também em meio aos problemas da mineradora – devem impactar positivamente o balanço. Até junho, a alta acumulada no ano era de 50% para o minério negociado em Qingdao, superando os US$ 110 a tonelada. 

“Esperamos que a Vale divulgue resultados sólidos, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recorrente de US$ 4,8 bilhões (alta de 26% em relação ao trimestre anterior e de 24% em relação a igual trimestre do ano anterior)”, aponta o Bradesco BBI.

De acordo com os analistas do banco, as vendas de minério de ferro deverão melhorar apenas um pouco, totalizando 70 milhões de toneladas, com alta de 3,5% no trimestre e queda de 19% em relação a igual trimestre do ano anterior.

Os custos, por sua vez, devem ser mais elevados e a XP Research aponta três fatores para isso: (i) má condições climáticas no sistema Norte, que impactaram os embarques; (ii) maior volume de compras de terceiros com preços mais altos e (iii) despesas de Brumadinho.

A equipe de análise, por sua vez, espera vendas estáveis, mesmo com um volume produzido ainda baixo considerando as operações paradas, e dado que o retorno de Brucutu ocorreu apenas no final do trimestre.

Por outro lado, vale destacar que a mineradora apresentou seus números referentes a produção na semana passada, decepcionando os investidores ao produzir 64,1 milhões de toneladas (Mt). A estimativa mediana nos analistas consultados pela Bloomberg era de 74,6 milhões de toneladas. Porém, mesmo com as vendas decepcionando, a alta da cotação da commodity deve compensar os dados mais fracos, conforme aponta o JPMorgan. 

O banco americano estima lucro líquido de US$ 2,6 bilhões, receita de US$ 9,3 bilhões e Ebitda de US$ 4,9 bilhões para a mineradora, enquanto o Itaú BBA projeto lucro de US$ 2,47 bilhões, receita de US$ 9,4 bilhões e Ebitda de US$ 4,7 bilhões. 

O Itaú BBA aponta, contudo, que a companhia pode ser impactada negativamente por provisões adicionais relacionadas ao rompimento da barragem de Brumadinho, incluindo a compensação por danos ambientais e outros investimentos no descomissionamento de suas barragens de rejeito restantes, no montante de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão. Para o Bradesco BBI, as provisões relacionadas a Brumadinho devem ser de US$ 1 bilhão, impactando o Ebitda e o lucro líquido. 

Quer investir com corretagem ZERO na Bolsa? Clique aqui e abra agora sua conta na Clear!

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.