Vale foi uma “máquina sólida de dinheiro” e sinaliza: mais está por vir no quarto trimestre

O prêmio pelo minério de ferro atingiu valor recorde e o retorno do fluxo de caixa também impressionou 

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O balanço da Vale (VALE3) atendeu às expectativas otimistas do mercado, com resultados sólidos refletindo o maior foco da companhia em produtos de melhor qualidade. O prêmio pelo minério de ferro atingiu o valor recorde de US$ 8,6 por tonelada, ante US$ 7,1/t no segundo trimestre e US$ 5,6/t no terceiro trimestre de 2017. 

“O principal destaque foram preços realizados mais altos do que esperado, reflexo da estratégia assertiva de foco em qualidade, assim como de prêmios mais altos no mercado à vista”, afirma a XP Research em relatório enviado a clientes. Os prêmios são adicionais pagos por minérios de qualidade, com alto teor de ferro e baixos percentuais de contaminantes, como a sílica.

A Vale encerrou o terceiro trimestre deste ano com um lucro líquido de US$ 1,408 bilhão, uma queda de 37% ante os US$ 2,230 bilhões registrados um ano antes. A receita líquida da mineradora teve alta de 5,5%, para US$ 9,543 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado teve leve alta de 4,3%, atingindo US$ 4,374 bilhões entre julho e setembro deste ano.

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Os resultados em linha com o esperado apoia a tese de que a Vale está se tornando uma empresa mais previsível, destacam os analistas do BTG Pactual. 

Um dos pontos que mais chamou atenção dos investidores foi o endividamento da Vale, que caiu para US$ 10,704 bilhões em um ano, uma queda de 49,19%. Segundo a companhia, o principal fator por esta melhora foi a forte geração de fluxo de caixa livre, que ficou em US$ 3,1 bilhões.

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Para os analistas do Bradesco BBI, a companhia foi uma “sólida máquina de dinheiro” no terceiro trimestre e destacam ainda a aprovação de investimentos para os projetos de Salobo II e Gelado. “Acreditamos que a administração está adotando uma abordagem prudente em relação a seus projetos de crescimento”, observa o BTG.

Para o Credit Suisse, os números deixaram claro que a alocação de capital está “caminhando na direção que acreditamos ser a mais correta”. A combinação de um balanco desalavancado (objetivo de US$ 10 bilhões de desalavancagem foi atingido no terceiro trimestre) e forte geração de caixa deixa a empresa em uma situação mais confortável para escolher por onde crescer”, avalia o Credit. 

Os números apresentados no retrovisor foram mais do que satisfatórios e as expectativas também são boas. Para os analistas do Santander, a Vale deve continuar com “bons resultados operacionais” no quarto trimestre e o Itaú BBA também prevê balanço forte no período de outubro a dezembro. 

Para o Credit Suisse, o valuation da empresa está “bastante atrativo” e a Vale deve entregar um retorno sobre o fluxo de caixa livre de 9% a 13% nos próximos três anos, balanço desalavancado e provavelmente um nível de dividendo “bastante interessante”, de 5% a 6% de 2019 a 2021. 

Bons dividendos

A Vale também anunciou o pagamento de dividendos de US$ 1,142 bilhão referente a este resultado. Em nota, a companhia disse ainda que “se entregarmos os mesmos resultados no próximo trimestre, nosso dividendo mínimo relativo ao segundo semestre, segundo nossa política, será de US$ 2,3 bilhões, contra US$ 1,9 bilhão no primeiro semestre”.

“A Vale está a caminho de pagar um pouco acima de US$ 4 bilhões em dividendos relativos ao ano fiscal de 2018, além do programa de recompra anunciado de US$ 1 bilhão. Esperamos que o pagamento de dividendos acelere de forma significativa ao longo de 2019”, avalia o time de análise da XP Research.

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Segundo o CFO da mineradora, Luciano Siani Pires, a companhia irá explorar opções para seu fluxo de caixa acumulado, sendo que dividendos será a “escolha natural”. Entre outras alternativas, ele cita ainda a possibilidade de realizar recompras de ações, crescimento orgânico, “bolt-on acquisitions” e otimização de outros passivos.

Assim, se o movimento da Vale já era positivo, com a companhia tendo alta de 40% no ano, ante variação positiva de 9% no Ibovespa, o resultado mostra: mais está por vir daqui para frente.