Agente autonômo enxerga potencial de até 600% nas ações da Telebras

Empresa vale R$ 1,32 bilhão, contra R$ 17,3 bilhões da TIM, R$ 14,96 bilhões da Oi e R$ 49,46 bilhões da Telefônica Brasil

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A Telebras (TELB4) é uma empresa que passa por uma forte reestruturação: a empresa foi reativada depois de mais de uma década inativa, e hoje se prepara para prestar diversos serviços de telecomunicação a nação, como o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) e a instalação da rede privativa do setor público.

Com isso em mente, as ações da estatal, que promete voltar a ser uma gigante, podem também passar por forte alta. “A Telebras tem potencial de alta de 280%, quem sabe 600%”, diz Guilherme Canaan, agente autônomo da Corval Corretora. Sua opinião contrasta com muitos do mercado, que acreditam que no momento a Telebras é uma empresa puramente especulativa

“A Telebras é um grande player no mercado de telecomunicações, mas com um valor de mercado muito baixo”, afirma. Atualmente, o mercado a precifica em cerca de R$ 1,32 bilhão. No término de seus investimentos, a empresa terá 30 mil quilômetros de fibra ótica, a maior rede mundial, uma estrutura que, se avaliada igualmente às outras redes no Brasil – como a que a TIM Participações (TIMP3) comprou do grupo AES em 2011, faria a empresa valer R$ 9,6 bilhões – alta de 626,38%. 

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Como a empresa é uma estatal, é comum avaliar um desconto sobre o valor de mercado das suas concorrentes – para cobrir certas ineficiências que o mercado avalia serem comuns de empresas controladas pelo governo. Canaan imagina que se o desconto for de cerca de 50%, a empresa deve valer R$ 5 bilhões – alta de 278,32%. “Mas há quem acredita que os papéis [atualmente nos R$ 7,30] possam chegar a valer R$ 50, em breve”, diz.

Atualmente, o valor de mercado da companhia é bastante abaixo de suas “concorrentes”. A TIM Participações vale R$ 17,3 bilhões, enquanto a Oi (OIBR3; OIBR4) é precificada em R$ 14,96 bilhões. A maior do setor continua sendo a Telefônica Brasil (VIVT4), que com valor de mercado de R$ 49,46 bilhões, é a 9ª empresa mais valiosa do Ibovespa. Para o agente autonômo, isso mudará quando a estrutura da Telebras começar a ficar pronta – enquanto as suas “rivais” ficam sem investir.

E os investimentos deverão ocorrer rapidamente: a grande pressão fica por conta dos eventos esportivos que ocorrerão no País nos próximos anos – a começar pela Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo em 2014 e Olimpíadas em 2016. “A companhia criou uma empresa chamada Telebras Copa para cuidar dessa infraestrutura.”

No momento, Canaan destaca sua sólida posição de caixa: R$ 700 milhões – que pode parecer pequena para uma empresa que ainda pretende fazer diversos investimentos, mas é superior a diversas companhias do mesmo setor. Mesmo assim, a empresa não depende do mercado para se capitalizar, já que o Tesouro Nacional o faz. 

Com o caixa das outras em baixa, a atual paralisação dos investimentos no setor, que fez o Brasil passar por dias sob a ameaça de um apagão das telecomunicações no início do ano, é favorável para empresa. “Ela pode começar a vender capacidade para as teles privadas, como já fez com a própria TIM anteriormente”, diz o agente da Corval Corretora.

Administração pública deve ser a grande responsável pelo lucro
Com os investimentos prontos e o patrimônio da companhia construído nos próximos anos, Canaan acredita que o próximo passo deve ser buscar a lucratividade – o que pode vir através de seus contratos com a administração pública. “Ela vai construir a rede privativa do governo, e são contratos gigantescos, na casa dos bilhões”, destaca. 

No fim, o agente acredita que a empresa terá diversas fontes de receita: o próprio PNBL, os bens públicos e as outras estatais: como Petrobras (PETR3; PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3). Válido destacar que, durante o governo Dilma, a Telebras é a única empresa pertencente ao governo federal que viu seu valor de mercado avançar – conforme a empresa, antes esvaziada, volte a ganhar funções na vida pública nacional.

“E hoje ela já é pré-operacional, se encaminhando para ter a maior rede de fibra ótica do mundo”, destaca o agente. “Parte do mercado a trata como uma excelente aposta para o futuro, enquanto outra parte não”, avalia. Para ele, isso justifica que as ações da empresa continuem a apresentar queda em 2012 – cerca de 60%. “É uma empresa com excelente potencial”, finaliza.