Urânio para iniciantes: os dilemas e excentricidades de um minério que atrai mais e mais dólares

Nos mercados globais, urânio atrai dólares de cada vez mais investidores, mas o preço ainda não se mexeu

Renato Santiago

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O urânio e a energia nuclear são protagonistas de dois dos mais sérios acidentes ambientais dos últimos 50 anos: Chernobyl, na Ucrânia, e Fukushima, no Japão. Ao mesmo tempo, segundo especialistas, não dá para pensar em redução das emissões de carbono e reversão das mudanças climáticas sem que reatores nucleares estejam mais presentes na matriz energética global.

Enquanto esse debate acontece na esfera da energia, no mundo da mineração os preços do urânio parecem também ter uma dinâmica peculiar. Apesar de uma expectativa de aumento de consumo e fim dos estoques estarem à vista, o preço teima em ficar muito longe do topo, exceto por uma pequena alta causada pela pandemia.

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Bem-vindo ao universo do urânio, o universo dos dilemas.

No início da pandemia o preço do urânio aumentou 37% em três meses (de US$ 24 para US$ 30 por libra), entre março e maio do ano passado. Apesar de expressiva, a alta ainda estava longe de levar o minério de volta ao seu topo histórico, de US$ 136, que aconteceu em 2007 e estava ligada ao fechamento temporário de minas.. 

Hoje o preço da libra de urânio está na casa dos US$ 32.

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Ao mesmo tempo, os dois principais ETFs expostos ao minério quase quintuplicaram em patrimônio de lá para cá, saltando de cerca de US$ 200 milhões para US$ 945 milhões. Os códigos deles são URA e URNM.

Por que tanta gente está correndo atrás desses ETFs?

O que explica esse movimento é uma dinâmica muito particular e aparentemente temporária que esse mercado vive. Desde o terremoto e posterior vazamento de material radioativo em Fukushima, reatores estão sendo desligados pelo mundo, principalmente na Europa e no Japão. Com esse choque de demanda, os estoques do mineral permanecem altos até hoje. 

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Por outro lado, outros países buscam tirar o carbono de sua matriz energética, sobretudo a China, que planeja aumentar a fatia nuclear de sua matriz de 4% para 10%. Hoje, 50 reatores estão sendo construídos no mundo, o que não repõe a quantidade desativada, mas deve ser o suficiente para reduzir os estoques e subir preços para reativar minas hoje fechadas.

As principais perguntas que o mercado se faz hoje são: até onde o preço do urânio pode chegar? As pessoas e os governos vão aceitar a energia nuclear como uma energia limpa para reduzir a emissão de carbono?

Tentamos trazer algumas respostas no episódio de hoje do GlobalizAções. É só apertar play para ouvir. E não se esqueça de assinar o GlobalizAções na sua plataforma favorita!

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney