Um manual para avaliar ações tech

Marcelo Magalhães, da Tork, analisa ações de empresas tech desde a bolha das empresas ponto com, em 2000.

Renato Santiago

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Todo gestor de ações focado no mercado brasileiro precisa estar acostumado a lidar com os setores de commodities e financeiro, os de maior representatividade da Bolsa. 

Mas de uns anos para cá, a coisa mudou um pouco e a B3 está um pouco mais tecnológica, trazendo para dentro empresas de tecnologia ou de outros setores, mas baseadas em plataformas digitais. Enjoei, Banco Inter, Neogrid e Locaweb são apenas alguns dos exemplos de companhias do “vale do silício” da bolsa brasileira. 

No episódio 101 do Stock Pickers trouxemos Marcelo Magalhães, da Tork Capital, que tem uma longa estrada na gestão de fundos de ações no Brasil, portanto está acostumado a lidar com o kit bancos-petro-vale da Bolsa, mas também tem uma visão profunda das empresas tech, com as quais lida desde a bolha das empresas ponto-com, nos anos 2000.

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Segundo Magalhães, cinco quesitos são avaliados nas empresas novas, que têm novos modelos de negócios — como é o caso da maioria do setor tecnológico: propósito, pessoas, problema que ela resolve, paralelos internacionais e tamanho do mercado.

“O mundo está indo para esse lado da tecnologia. Qualquer negócio está passando por transformação digital. Ou está sofrendo disrupção ou está se beneficiando das novas ferramentas”, afirma.

Banco Inter

A Tork carrega uma posição intermediária, de 4% do capital, em Banco Inter (BIDI11). Magalhães resume a tese assim: “Existe uma oportunidade muito grande de tirar os clientes dos bancões, que estão insatisfeitos. E a capacidade de execução desse crescimento é muito alta, o Inter está na frente dos outros”, afirma. 

“Do ponto de vista do valuation, avaliamos que, se Inter tiver 8% do mercado, o market cap atual de R$ 51 bilhões está justificado”, afirma. Hoje o Inter tem 4% dos clientes bancários.

Locaweb

A Locaweb (LWSA3) é outra ação de tecnologia na qual a Tork acredita. “É quem viabilizou a digitalização de pequenas e médias empresas no Brasil”, afirma. “Até muito pouco tempo atrás esse era o grosso do negócio, a venda de domínios na internet. Mas lá dentro havia a Tray, que é uma plataforma de e-commerce, que é o segundo passo da digitalização”, explica.

E o preço? “Locaweb tem um múltiplo muito alto, mas achamos que o ecossistema pode ainda crescer muito. Não é barato, mas a oportunidade é muito legal. Por isso temos uma posição intermediária”, completa.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney