Tudo que você precisa saber sobre SPACs (mesmo que não saiba o que é um)

Moda nos Estados Unidos, SPACs fatalmente estão chegando ao Brasil. Em 18 minutos explicamos tudo que você precisa saber.

Renato Santiago

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No mercado financeiro sempre existe alguma moda em vigor. E a mais quente nesse momento, pelo nos Estados Unidos, onde praticamente todas as modas financeiras globais nascem, é a dos SPACs. 

Os SPACs (Special Purpose Acquisition Companies), ou companhias de propósito específico de aquisição, são empresas que servem apenas para comprar outras empresas e abrir seu capital sem passar pelo lento, incerto, longo, doloroso e arriscado processo de tradicional de IPO. 

A se julgar pela quantidade de dinheiro captado por essas empresas e pelo número de celebridades envolvidas com elas, como ex-astros da NBA e ex-jogadores de baseball, nada está mais na moda que elas. Seja na Wall Street de verdade, seja no Wall Street Bets, aquele fórum de “degenerados” responsável pelo short squeeze mais inusitado de que se tem notícia.

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Provando a tese com números: em 2016, 13 SPACs abriram capital. O número era muito pequeno, pois naquela época o SPAC ainda era considerado o último recurso de empresas que não conseguiriam fazer um IPO tradicional. 

Em 2019, o número já era de 54, mas em 2020 o ritmo acelera ainda mais, para 248, número já superado apenas nos três primeiros meses de 2021, que teve mais de 300.

Mas por que isso aconteceu?

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Como tudo que acontece na economia e no mercado financeiro global desde 2020, duas coisas explicam esse fenômeno: juros baixos e pandemia. 

SPACs são, por natureza, mais arriscados que o IPO tradicional. O processo, no caso de uma SPAC, se resume à criação de uma pessoa jurídica pelo patrocinador, que abre o capital na bolsa, mesmo sem produzir nada ou prestar nenhum serviço. Essa empresa é só uma casca, ou shell company.

Com o dinheiro em caixa, ela sai à caça de uma empresa que ainda não esteja listada, fecha um acordo com a empresa alvo e se funde a ela. O SPAC deixa de existir e as ações listadas da shell company passam a representar a da empresa adquirida. 

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Foi isso que aconteceu com uma empresa de jogos e apostas chamada DraftKings. No dia 23 de abril de 2020 ela era apenas mais uma empresa fechada. No dia seguinte, após concluir sua fusão a um SPAC, ela passou a ter capital aberto.

Quem compra as ações de um SPAC, portanto, precisa confiar na capacidade da sua equipe de encontrar e adquirir uma boa empresa. É como dar um cheque em branco para um gestor. O risco é alto, mas em um ambiente de juros muito baixos ou negativos, existem investidores dispostos a isso.  

Por outro lado, a pandemia também afetou o ambiente de IPOs. Para as empresas, o mercado ficou mais volátil e incerto, portanto, uma negociação privada passou a trazer vantagens. 

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SPAC é um bom ou mau negócio?

Nem um nem outro. SPACs são apenas veículos para investir e existem bons e ruins. O mercado tem exemplos de companhias que se valorizaram muito, como a DraftKings e Playboy (ela mesmo) que multiplicaram por quatro seu valor de mercado, e Estre, que destruiu 99,3% do capital do acionista. Assim como no mercado de ações, é preciso saber o que está fazendo e não apenas seguir uma onda. 

Clique no play para saber tudo sobre SPACs.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney