Trump gera muito ruído sobre taxa de importação e deverá fazer ajuste, diz economista

Fernando Fenolio acha que somente se houver muita negociação é que as tarifas prometidas pelo republicano não ocorrerão

Augusto Diniz

Publicidade

A primeira semana do governo Donald Trump, nos Estados Unidos, foi marcada por muita manifestação do republicano sobre tarifa de importação, mas pouca ação prática.

Para Fernando Fenolio, sócio e economista-chefe da WHG, casa focada em ativos globais, teve muito ruído na questão da taxa. “Tem um planejamento tarifário. Existe um objetivo de utilizar a tarifa como instrumento de negociação. Esse governo americano considera algumas relações entre os países muito injusta para os Estados Unidos”, diz.

Ele participou do episódio 268 do programa Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.

Continua depois da publicidade

Assimetrias

O economista aponta que o governo Trump vai tentar ajustar algumas assimetrias nesse campo. “E o instrumento de tarifa vai ser feito para isso. É um instrumento de pressão para tentar chegar num denominador comum”, diz.

Segundo Fenolio, isso vai acontecer ao longo desse ano. “Ele pediu estudos para saber quais países possuem as maiores assimetrias com os Estados Unidos e quais são os instrumentos que podem ser utilizados pela legislação nesse caso. Isso termina em 1° de abril”, afirma.

Com isso em mãos, Trump deve tomar as medidas. “Aí essa história via crescer”, avalia. “O processo de tarifação deve acontecer até o final do ano, se as negociações falharem. Se elas forem bem-sucedidas, talvez nem precisa acontecer a tarifação”, diz.

Negociações com a China são difíceis

A tarifação vai depender muito da magnitude e do escopo, segundo o economista. “A China é um candidato grande a sofrer algum tipo de tarifação. As negociações com a China são mais difíceis”, crê.

“Com o Canadá é mais fácil porque as assimetrias são menores. É um parceiro dos Estados Unidos há muito tempo. O México é mais complicado”, argumenta.

“Assumindo que não tenha um choque tarifário, mas que haja algumas tarifas no mundo, as análises feitas indicam que haverá um choque negativo de oferta. Assim, ocorrerá aumento de preço e uma redução da quantidade consumida. Isso seria um pouco mais de inflação e um pouco menos de crescimento global”, explica.

Continua depois da publicidade

Fernando Fenolio diz que se o governo colocar 25% de tarifa de importação em todos os países, conforme Trump já disse, “o choque será gigantesco no mundo inteiro”. O economista avalia que o mercado tem medo dessa intensidade de tarifação de Trump.