Short em Eletrobras (ELET3), posições em estatais e como operar Bolsa brasileira na transição de governo

André Lion, da Ibiuna, e Eduardo Morais, da Claritas fazem um panorama do atual momento no mercado

Rafaella Bertolini

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Antes das eleições a Petrobras (PETR4) era tratada por diversos gestores e analistas como excelente oportunidade na bolsa. Após o pleito, vencido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as expectativas viraram, com o temor de maior intervenção do novo governo.

Mas a visão mais negativa é generalizada? A resposta é não, ainda que haja maior cautela com os ativos. 

“Tivemos Petrobras o ano inteiro. Depois do segundo turno com o risco se sobrepondo em relação ao retorno reduzimos um pouco”, afirma André Lion, CFA, sócio, CIO e gestor da estratégia de ações da Ibiuna, no episódio #175 do Stock Pickers. 

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O gestor afirma que mesmo reduzindo as posições, essa ainda é uma empresa para se estar atento, tanto do ponto de vista macro quanto do estratégico. “A Petrobras é uma grande fonte de receita para a União”, por isso, ao primeiro sinal de que o próximo governo deixará a empresa caminhar sozinha, a casa retomará as posições no papel, apontou. 

Eduardo Morais, CFA, head de gestão dos fundos de ações da Claritas, também enxerga potencial no ativo, “na nossa conta, se projetarmos a empresa no cenário mais positivo, ela está com a capacidade de pagar 35% a 40% ao ano” em proventos. Ou seja, para Lion, “é impossível estar zerado no papel.”

Short em Eletrobras (ELET3)

O otimismo na petroleira, para Eduardo, não se reflete em Eletrobras. A Claritas tem posição “short” no ativo, que é  querido por grande parte dos gestores. 

A principal tese é a de que há excesso de energia no mercado e por questões políticas os bens do setor não são mais iguais. O head de gestão diz que há uma maior prioridade de subsídios para determinadas fontes, enquanto outras, como hidrelétricas, são “deixadas de lado”.

“E isso não se relaciona à gestão da Eletrobras, mas sim com a questão macro do setor e os incentivos com direcionamentos errados”, complementa. 

Apesar da Ibiúna ainda estar comprada no papel, André Lion concorda de que é uma empresa que necessita ser observada com atenção.

Descarbonização e posição em Vale (VALE3)

A principal posição da carteira de Eduardo Morais é em Vale, o que novamente se distancia do consenso do mercado. Isso porque, para ele, no longo prazo, com a pauta de descarbonização da indústria siderúrgica em uma crescente, o diferencial da Vale se encontra justamente na variação do produto. 

“Uma tonelada de aço consome 600kg de carvão. Para reduzir esse valor, é preciso de um minério de alto teor e qualidade”, afirma Eduardo. “Portanto, o importante na Vale é capturar um prêmio de qualidade que será relevante no longo termo”, complementa.

Acrescentando à tese, Lion assinala que é um ativo interessante, mas é preciso estar atento a preço e valuation, “são papéis importantes para se ter nesse cenário, a questão é até quando mantê-los”, explica. 

Para saber como se posicionar na Bolsa Brasileira diante de transição de governo e mudanças de cenário global não deixe de assistir ao episódio #175 do Stock Pickers.  

Rafaella Bertolini

Editora de redes sociais do Stock Pickers e Do Zero ao Topo. Escreve reportagens sobre empreendedorismo, gestão, inovação e mercados para o InfoMoney.