Por que este gestor acredita em Selic a 2,25% ao ano

Para Bruno Marques, da XP Asset, esta é a única alternativa que o Banco Central tem para estimular a economia após a pandemia.

Matheus Soares

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O gestor Bruno Marques foi o convidado desta terça-feira da série Coffee Stocks, realizada todos os dias, às 7h15 no perfil do Stock Pickers no Instagram. Comandante do fundo multimercado XP Macro, Marques explicou ao Thiago Salomão por que acredita que a Selic pode em breve chegar a 2,25% ao ano e por que tem mais dinheiro investido na Bolsa brasileira que na americana.

Abaixo, um resumo dos principais trechos da conversa. A entrevista completa, em vídeo, está abaixo. A transcrição, praticamente em tempo real, está no nosso grupo do Telegram. Clique aqui para se inscrever.

Posições em juros e bolsa

Nossa maior posição é a de juros. Acreditamos que o Banco Central não só pode cortar juros, como deve. A inflação desse ano será abaixo do piso da meta, a do ano que vem deve ser abaixo do centro e a atividade econômica desse ano está fraquíssima. Então, a única coisa que o BC tem para fazer é cortar juros. Foi muito bom ver, na ata, que o Copom baseou sua decisão olhando para a inflação. Somos um dos poucos países com gordura nos juros, então tem que cair.

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O difícil é pontuar até onde os juros podem ir. Não dá para chegar no zero aqui, pois a taxa pela qual o Brasil emite dívida de curto prazo lá fora está em torno de 1% em dólar. Seria mau negócio para o investidor, portanto, que a taxa fosse abaixo de 1% ao ano, em reais. Além disso, existe algum limite de retorno pelo qual o poupador não toparia financiar a dívida do governo, e, a partir desse momento, cortar juros não surtiria mais efeito.

Mas isso precisa ser tateado e me parece que é o que o BC vai fazer. Acredito que [a Selic] deve cair para 2,25% ao ano, mas não me surpreenderia um corte até abaixo de 2,25%. Hoje, a curva aponta corte de 50 pontos na próxima reunião. Estamos aplicados (acreditando na queda) no juro nominal e real do ano que vem.

Bolsa americana

Estamos 24% comprados em bolsa, um terço em EUA. Esse é o “call fácil”. É uma economia super dinâmica e pujante na qual o governo consegue gerar um impulso fiscal e monetário muito grande. Eles imprimem a moeda mais importante do mundo e têm capacidade de estímulos fiscais e econômicos. Estamos vivendo um momento de digitalização e disrupção muito forte, viveremos cinco anos em apenas cinco meses [devido à pandemia de covid-19] e não temos dúvida de que as grandes líderes desse processo vêm de lá dos Estados Unidos. O meu problema com a bolsa americana é preço.

Bolsa brasileira

Dois terços da nossa posição em bolsa é Brasil. A bolsa brasileira tem riscos, mas eles já estão precificados. A crise de saúde é temporária, mas a econômica poderia se estender e tomar uma proporção própria, mas o governo está fazendo um programa de estímulo razoável do lado do emprego e do consumo. Quase 6 milhões de pessoas deixaram de perder o emprego por conta das medidas. Apenas o complemento ao salário e o programa de auxílio emergencial geram mais de R$ 60 bilhões por mês, que é mais de 20 vezes o Bolsa Família.

Para ver a conversa completa de Thiago Salomão e Bruno Marques, assista o vídeo.

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“Somos pagos pra correr risco”. Bruno Marques, da XP Asset, explicou por que ele está mais comprado em bolsa brasileira do que a maioria dos outros gestores multimercados brasileiros.

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Matheus Soares

Matheus Soares é analista da Rico Investimentos e um dos responsáveis pela Carteira Rico Dividendos 8+