Por que a segunda onda do coronavírus preocupa menos o mercado financeiro

CEO da Exante Data foi o primeiro convidado da Verde Week.

Lucas Collazo

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A provável segunda onda (ou second wave, como o mercado financeiro prefere dizer) de infecções pelo coronavírus parece preocupar cada vez menos o mercado financeiro. Esta é a opinião de Jens Nordvig, fundador e CEO da Exante Data, boutique norte americana especializada na análise de dados para o mercado financeiro.

Nordvig foi o convidado desta segunda-feira da Verde Week, série de lives promovidas pela Verde Asset em seu canal do YouTube. Ele conversou com o sócio e gestor responsável pelas estratégias de previdência e multimercados da casa, Luiz Parreiras. Abaixo o que houve de mais importante no evento.

Covid-19

Segundo os dados que Nordvig trouxe, podemos notar que, em todos os países onde a quarentena foi implementada, vimos um controle da expansão da doença. Como foi o aprendizado com a China, primeiro país a implementar a medida, em um mês a doença teve o ritmo desacelerado enquanto o tráfego de pessoas chegou a ser reduzido em 50% durante o feriado de Ano Novo Lunar.

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O mesmo aconteceu na Europa, em especial na Itália, que desde seu pico em março veio reduzindo a proliferação do coronavírus. Porém, quando olhamos para os dados norte-americanos a história muda um pouco: existe uma heterogeneidade entre os estados, a pandemia atingiu cada um deles em momentos diferentes, enquanto alguns seguem nas medidas profundas de quarentenas, outros já experimentam sua reabertura.

E é justamente essa disparidade que intriga, o estado da Georgia é um caso interessante de se acompanhar. Fizeram a reabertura do economia antes da curva de casos começar a declinar, o que em tese seria “arriscado”, mas tem resultados satisfatórios em relação ao controle da pandemia.

Aprofundando, vemos que o fluxo de carros já voltou para os níveis pré-pandemia, mas os dados de fluxo em restaurantes, escritórios e espaços de trabalho, socialização em geral, seguem muito abaixo do momento antecessor do lockdown.

Emergentes

Os principais países com essa característica ainda não atingiram seus picos, isso por que as medidas não foram tão dramáticas como na Europa, por exemplo. No México, temos a pior relação entre número de casos positivos de covid-19 sobre o total de testados: 50% têm infecção pelo vírus.

O que é traduzido para os mercados: o outflow (saída de capital) dos emergentes foi gigantesca, principalmente para o Brasil e México. No entanto, segundo Nordvig, no Brasil não existe fundamento para dizer que o país está em crise.

Ele ressalta a importância do movimento da queda de juros (Selic), que levou a taxa para os menores patamares históricos, e que essa mudança é extremamente relevante para o mercado brasileiro, principalmente olhando daqui para frente. A queda brusca que os ativos “brazucas” tiveram uma causa importante: a inconsistência política.

E esse tal do “second wave”?

Tem sido umas das principais preocupações dos investidores, a chance de uma “segunda onda” de contaminação do Covid por conta das tentativas de reaberturas econômicas.

Preocupação essa que vem diminuindo, os países têm aplicado bem as políticas de reaberturas, com exceção de casos extremos como do Irã, demais países tem retornado para suas atividades econômicas acompanhados de uma redução da evolução dos casos de coronavírus.

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Justamente a diminuição desse risco foi o principal fôlego do rali que as bolsas tiveram ao redor do mundo. Os investidores se sentiram mais confiantes com os casos de retomada pós-quarentena, e tem tomado mais risco gradualmente.

Com a segunda onda perdendo o espaço, o principal risco a ser acompanhado é o aumento da tensão comercial entre os EUA e a China. Essa escalada pode gerar consequências severas nas relações entre os dois países, mas também ter um impacto global.

O vídeo completo está aqui:

Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney