Para gestor de ações da Mauá Capital, dividendos de ações vão render o dobro do CDI

Para Renato Ometto, se o investidor tiver calma e for paciente, conseguirá fazer boas escolhas.

Matheus Soares

Renato Ometto, gestor do fundo Mauá Capital Ações Master.

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Em um bate-papo raiz sobre ações que há muito não assistíamos no Coffee & Stocks, Thiago Salomão conversou nesta segunda-feira com Renato Ometto, gestor do Mauá Capital Ações. Vamos, portanto, direto ao assunto: para Ometto, quem souber escolher as ações certas, vai receber, só com dividendos, o equivalente ao dobro do CDI atual.

“Apesar do ambiente extremamente desafiador e da possibilidade de uma segunda onda de contaminações, as empresas da bolsa nunca estiveram tão saudáveis em termos financeiros – a grande maioria delas com bastante dinheiro em caixa – e preparadas para enfrentar crises. Se o investidor tiver calma e for paciente, conseguirá fazer boas escolhas”.

Carteira do fundo

A expectativa de Ometto é que o Mauá Capital Ações tenha um retorno entre 50% e 55% nos próximos 12 meses. Hoje, 40% da carteira do fundo está em B3, CPFL, Intermédica e Magazine Luiza, e o restante está espalhado entre posições menores de empresas que podem dobrar ou triplicar ao longo dos próximos meses. Apesar do ambiente competitivo no setor financeiro, a forte correção de preços também abriu espaço para o fundo comprar uma participação em Bradesco.

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“A crise vai passar e as empresas que já estavam com um pé no digital estão se saindo melhor. Nós achávamos o setor de bancos muito caro e enfrentando um ambiente competitivo, mas na correção compramos uma posição de Bradesco. As fintechs devem enfrentar uma dificuldade maior em captar recursos e consequentemente crescer, enquanto os bancos continuam capitalizados e gerando lucros. Sem contar que no primeiro trimestre eles já fizeram provisões [reserva de emergência dos bancos para arcar com possível aumento da inadimplência] relevantes em seus balanços financeiros.”

Multimercados vs Volatilidade

Ainda sobre a correção forte dos preços, Ometto atribuiu uma parte dela à elevada exposição com que muitos fundos multimercados entraram na crise.

“É uma turma que não estava acostumada a ter bolsa e que nos últimos anos estavam com muita exposição. Tinham muito dinheiro e não tinham onde investir dada a baixa atratividade de outros investimentos. Como eles são obrigados a ter uma volatilidade menor e se encontraram no meio de uma crise com alta volatilidade, muitos tiveram que vender sua posição em bolsa a qualquer preço para evitar uma volatilidade maior em seus fundos. Tem uns 15 mil pontos da queda que atribuo aos multimercados.”

Por mais que o Ibovespa tenha saído dos 70 mil pontos para 90 mil pontos – o que há três meses era inimaginável para Ometto – o fundo está com apenas 3% a 4% de caixa.

“Ninguém imaginaria dizer que a bolsa estaria nesses níveis hoje. A bolsa antecipa movimentos. Temos uma dificuldade grande de estimar qual será o lucro das empresas nesse ano, mas não menosprezamos o fato de a crise ter aberto precedentes para companhias cresceram em seus setores tanto organicamente quando via aquisições.”

Assista:

Matheus Soares

Matheus Soares é analista da Rico Investimentos e um dos responsáveis pela Carteira Rico Dividendos 8+