Os bilhões que o mercado não enxerga em Pão de Açúcar (PCAR3), por Pedro Chermont

CIO da Leblon Equities explicou porque investe em Pão de Açúcar no momento em que o mercado parece ter olhos apenas para o atacarejo

Renato Santiago

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Enquanto a maior parte do mercado financeiro parece ter só ter olhos para o atacarejo e papéis de empresas como Assaí (ASAI3) e Grupo Mateus (GMAT3), a Leblon Equities permanece em um relacionamento sério com o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) e seu modelo tradicional de mercados e supermercados.

Pedro Chermont explicou no Coffee & Stocks desta quinta-feira porque não abre mão das ações da empresa, como já ganhou dinheiro com elas porque acredita que ela pode ter valorização na casa dos 200% e passar dos R$ 70 (hoje o papel vale cerca de R$ 26).

Passado

Grande parte do sucesso do investimento da Leblon em Pão de Açúcar vem, ao menos indiretamente, de Assaí. A rede de atacarejo, comprada pelo Grupo Pão de Açúcar em 2007, só foi separada da operação dos supermercados tradicionais em março deste ano, o que significa que os papéis, até então, representavam a mesma empresa.

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Em março deste ano as companhias foram separadas e a Assaí passou a ser negociada em bolsa de forma independente. No momento da cisão, ASAI3 disparou enquanto PCAR3 caiu. 

“Isso significa que o mercado estava avaliando o Pão de Açúcar em R$ 5 bilhões. Isso é só o que vale a participação que a companhia tem a CNova, o segundo maior e-commerce da França. Além disso, Pão de Açúcar é dono do Éxito, rede de mercados da Colômbia, que na época valia R$ 9 bilhões. Além da operação do Brasil, que gerava R$ 30 bilhões de receita”, detalha Chermont. 

Resumindo, estava muito barato. “Estávamos preparados para pagar R$ 30 por papel, e a ação chegou a R$ 19”, diz. “É um caso onde a soma das partes vale muito mais que o todo. Uma oportunidade que não dava para deixar passar e hoje Pão de Açúcar é uma das três maiores posições do fundo”, completa.

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E o atacarejo?

Para Chermont, o mercado precifica Pão de Açúcar por um valor tão baixo por dois motivos. O primeiro é o fato de os atacarejos estarem em vantagem no momento atual principalmente em relação aos hipermercados. Com inflação e desemprego em alta, quem vende comida mais barato tende a ganhar margem. 

“Essas lojas, os hipermercados, sem dúvida têm o maior desafio hoje, mas o mercado financeiro tende a perpetuar o momento atual. Não acreditamos que essa vantagem do atacarejo vá durar para sempre porque essa situação do país também não será eterna”, diz.

Outros Assaís

Não há dúvida que a cisão entre Assaí e Pão de Açúcar revelou bilhões escondidos na empresa. E pode haver outros movimentos semelhantes. Cisões semelhantes podem acontecer com a rede Éxito e CNova (esta mais provável devido à situação delicada do Casino, sócio do Pão de Açúcar na companhia).

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Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney