O que esperar das eleições americanas (pós-debate e covid presidencial)

Corrida eleitoral nos Estados Unidos não dá um dia de paz para o investidor.

Equipe Stock Pickers

Se no começo do ano o mundo voltou os olhos exclusivamente para a crise ocasionada pelo coronavírus, agora grande parte dessa atenção se voltou para os desdobramentos da corrida presidencial da maior potência do mundo, os Estados Unidos.

Na última vez que tocamos no assunto, em uma live com a Sol Azcune, da XP, e o Ivo Chermont, da Quantitas, ainda não havia ocorrido nenhum debate e o presidente Trump também não havia sido contaminado pelo coronavírus.

Como o processo eleitoral de lá não dá um dia de paz para o investidor, resolvemos voltar ao assunto. E chamamos a Débora Nogueira, economista na AZ Quest.

Falar com economistas que trabalham dentro de gestoras é excelente, pois além de entender pesquisas e cenários, podemos ver como as posições dos fundos estão montadas de acordo com a visão do time para o evento.

Debate

Um dos marcos da corrida eleitoral até agora foi o debate entre Biden e Trump, realizado no último dia 29.

Para Débora, o saldo final não foi positivo para nenhum dos lados, porque não houve comentários sobre propostas efetivas: “Foi um caos”.

Do ponto de vista econômico, sabe-se que política de Biden terá dois pilares: mais gastos e mais impostos.

A expectativa do mercado, para o debate, era saber se o candidato democrata deixaria claro a ordem de prioridade daqueles pilares, mas isso acabou não ocorrendo.

O cenário, caso Biden vença, segundo Débora, é de aumento de gastos inicialmente e aumento de impostos só mais para frente. “E isso é bem ‘ok’ para o S&P”, concluiu.

Em relação o Trump, o que ficou claro durante o debate é que ele está disposto a contestar a eleição, caso não vença, por considerar o voto por correio um absurdo.

Covid

Deixando o debate de lado, mas ainda sobre o atual presidente, a notícia que mais impactou a corrida presidencial na semana passada foi a de que ele havia testado positivo para Covid.

Durante o final de semana várias informações desencontradas sobre o quadro de saúde do candidato republicano foram veiculadas, mas, pelo que tudo indica, ele deve deixar o hospital ainda hoje.

Uns dias de “molho” para Trump, na visão de Débora, seriam ruins para sua campanha, pois as pesquisas indicam uma boa vantagem de Biden na corrida presidencial e o atual presidente precisa estar ativo para conseguir diminuir essa diferença.

Segundo Débora, as pesquisas não demonstraram um movimento relevante após o debate e, em relação à notícia do teste positivo do Trump, é preciso um pouco mais de tempo para fazer uma análise melhor.

A AZ Quest enxerga uma disputa bem acirrada, porque, apesar da pesquisa nacional indicar oito pontos de vantagem para Biden, a análise dos “estados relevantes” ainda não está clara.

Em 2000, na disputa Al Gore e George W. Bush, ocorreu contestação e os mercados não reagiram bem: a bolsa caiu e o dólar desvalorizou contra o iene. Apesar de diferenças macroeconômicas, o histórico de contestações mostra que o mercado fica volátil e com bolsa para baixo.

Por isso, no curto prazo a AZ Quest diminuiu posições compradas, principalmente no book de trades relativos (comprado em S&P com hedge em outros ativos).

No longo prazo, estão com uma visão construtiva para a economia americana, independente do vencedor das eleições, e para o S&P.