O que dizem os stock pickers brasileiros que estão comprados em Coinbase

O millenial Bruno Zangari, da Miles, e o dinossauro Pedro Chermont, da Leblon: explicam por que a maior plataforma de cripto dos EUA está na carteira

Thiago Salomão

(CONDADO DA FARIA LIMA) – Não há como negar: o assunto “criptomoedas” deixou de ser um papo de sardinha e está cada vez mais na boca dos grandes investidores e gestores de fundos. O Stock Pickers traz hoje uma conversa com dois gestores brasileiros (com características bem diferentes entre si) que possuem na carteira ações da Coinbase, a maior plataforma de criptos dos Estados Unidos.

Os convidados têm trajetórias bem diferentes do mercado. De um lado, Bruno Zangari, da Miles Capital, cuja experiência profissional vem do mundo da tecnologia e da gestão de um fundo próprio que investia em empresas techs. “Sigo a Coinbase desde 2016, sou cliente já faz um bom tempo”, diz o tecnológico Zangari.

Do outro lado, Pedro Chermont, fundador e gestor da Leblon Equities e que podemos chamar de “Stock Picker raiz”, que há 30 anos exerce a atividade de encontrar boas oportunidades na bolsa. “Hoje vocês conhecerão a outra face do dinossauro”, brinca Chermont, pelo fato de ter se rendido às criptomoedas – embora ele confessa que demorou para entender como funciona esse negócio.

A conversa foi muito reveladora: Zangari trouxe detalhes sobre por que considera a Coinbase uma empresa segura, bem posicionada para o movimento de “Defi” (Descentralized Finance) e com um valuation “barato”. Já Chermont foi além destes pontos e revelou que a própria Leblon já havia iniciado um investimento em bitcoin em 2017. “Acredito que a Leblon tenha sido a primeira gestora brasileira a fazer um investimento em bitcoin via veículo offshore auditado. Sempre quisemos investir mas esbarrávamos no nosso mandato, que até 2020 era só investir via ações brasileiras”, disse o gestor da Leblon.

Os pilares para a tese de investimentos na Coinbase, segundo Pedro Chermont e Bruno Zangari:

  1. Múltiplos crescimentos: no futuro, todo mercado de Exchange no mundo está ameaçado pois empresas podem abrir capital via token e cripto, o que eliminará intermediários. Hoje temos poucas empresas no mercado justamente porque precisa do intermediário, que só quer fazer grandes deals. Esse é só um de vários exemplos de oportunidade de crescimento.
  2. Reserva de valor: esse é cada vez mais relevante, ainda tem muita pouca gente usando criptos, “apenas” 55 milhões de pessoas, contra um TAM (Total Adresseable Market) de mais de 3 bilhões, que é a quantidade de pessoas que possuem um celular. É lógico que é um exagero pensar que todas as pessoas que têm celular investirão em criptos, mas dá pra ver o potencial. Além disso, ela é bem regulada e tem muita liquidez.
  3. Qualidade:Na nossa humilde opinião, é a melhor plataforma”, diz Chermont.
  4. Mudança estrutural:O mundo DEFI (Descentralized Finance) vai trazer muito trabalho para várias instituições e a Coinbase é a porta de entrada para tudo isso”, diz Zangari.
  5. Valuation: Chermont diz que ela está com 21x P/L (preço/lucro) projetado pra 2021. “Mercado está muito cético, até com razão, mas eu acho muito barato. Acho que a gente está no começo da história”.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers