Netflix, Luxottica e as gringas preferidas dos gestores brasileiros

Como os profissionais que buscam o tchan das empresas brasileiras usam suas habilidades para encontrar o mojo da companhias gringas

Renato Santiago

No próximo mês, o investidor brasileiro vai descobrir o mundo — pelo menos no que diz respeito a ações.  No mês que vem entra em vigor a nova regra da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que permite a nós, investidores “desqualificados”, investir nas BDRs. 

As BDRs (brazilian depositary receipts) são instrumentos negociados na B3 que equivalem à ação de uma empresa negociada em outra Bolsa. A BDR AMZO34, por exemplo, equivale a uma ação da Amazon negociada na Nasdaq, por exemplo. 

Até 31 de agosto esse tipo de investimento será disponível apenas para o que a CVM classifica como investidores qualificados (profissionais certificados ou qualquer um com R$ 1 milhão em investimentos). Nunca entendemos esse critério da CVM, que na prática tira do investidor a oportunidade de comprar papéis da Apple, ao mesmo tempo que permite que ele compre papéis da Gradiente (IGBR3). 

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Mas vamos olhar para a frente. Como a regra que nos afasta das grandes empresas globais é (quase) passado, convidamos dois gestores especializados em empresas internacionais para explicar suas filosofias de investimento e ações preferidas. Oliver Mizne é fundador da Geo Capital, empresa criada em 2013 e totalmente focada nos investimentos em ações fora do Brasil. Gabriel Raoni, da IP, é gestor Atlas, fundo internacional de uma das casas mais tradicionais no Brasil.

As melhores gotas do oceano

Um dos maiores desafios para gestores como eles é filtrar. No mundo, segundo Mizne, existem cerca de 60 mil empresas listadas. “O que fazemos é procurar 1 em 1.000. Ou seja, 60 empresas que julgamos ter os melhores modelos de negócios do mundo. Esse é o lago onde vamos pescar”, diz. Mas o que faz de uma empresa a melhor do mundo? “Ela tem que ter um mojo, algo especial“, afirma Mizne. Pelo que entendemos das palavras do gestor, o mojo seria o que nós por aqui chamamos de tchan. As boas empresas têm que ter um tchan.

Caixa de ferramentas

Diferentemente da Geo, a IP gere fundos nacionais e globais. Segundo Raoni, o portfólio virou “híbrido” para aumentar sua caixa de ferramentas. “Quando pensamos em investir no Brasil e no exterior pensamos em uma caixa de ferramentas. Temos um martelo, um serrote, mas queremos mais… uma chave de fenda, uma chave de boca. É tão simples quanto isso”, conta.

Tecnologia e além

Investir fora do Brasil é importante por dois motivos: em primeiro lugar por questões cambiais e em segundo para ter acesso às empresas mais inovadoras do mundo, como a Netflix, por exemplo, uma das ações eleitas por Raoni.

Mas não é só de tecnologia que vivem as outras Bolsas. No portfólio de Mizne, por exemplo, existem duas ações que estão bastante longe do glamour da tecnologia, mas cheias de mojo (ou tchan): uma fabricante de tratores e outra que praticamente domina o mercado mundial de óculos.

Para ouvir a filosofia de investimentos dos gestores e as teses por trás das suas ações, é só clicar no play.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney