Manual para investir em COGN3

Tudo que você precisa saber sobre a queridinha das queridinhas

Renato Santiago

Texto originalmente enviado aos assinantes da newsletter Stock Pickers em 8 de agosto de 2020

No jornalismo econômico, pelo menos uma vez por dia algum repórter, em algum veículo, escreve alguma das expressões “queridinha dos gestores”, “queridinha dos fundos”, “queridinha do mercado” ou “queridinha dos analistas”.

É um clichê gasto, na minha opinião, mas serve perfeitamente para designar as ações que são mais indicadas pelo sell side (corretoras, casas de análise) e que estão em mais carteiras do buy side (fundos de investimento e outros).

Mas hoje estamos na era da democratização da renda variável e vamos ter que prestar atenção também em outras queridinhas: as das pessoas físicas. Nas mais buscadas no Google, nas que estão virando meme no Twitter.

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Nos últimos meses três ações conseguiram conquistar esse status de queridinha do povo: Oi, Via Varejo e a soberana: Cogna. Estes são os indícios:

– A empresa ganhou um apelido carinhoso (Conga) e infinitos memes protagonizados pela Gretchen (é só ir no Twitter e procurar).

– O número de buscas sobre a ação e a empresa explodiram, as do símbolo (COGN3) mais que o nome da empresa.

Volume de buscas no Google Trends. A linha azul representa "COGN3" e a linha vermelha "Cogna"

Volume de buscas no Google Trends. A linha azul representa “COGN3” e a linha vermelha “Cogna”

E o dado mais objetivo e delicado de todos: o número de pessoas físicas operando opções da empresa também disparou. A tabela abaixo, que o Thiago Salomão divulgou na quinta-feira, mostra que os 4 contratos de opção com maior número de titulares (CPFs ou CNPJs) em toda a B3 são calls (opções de compra) de Cogna.

Todos têm vencimento em 17 de agosto (daqui a 5 pregões) e estão bastante fora do dinheiro, já que, para elas serem exercidas, o preço da ação da Cogna precisaria saltar de R$ 7,29 para R$ 9 ou R$ 11, dependendo do contrato.

Em bom português, pode-se dizer que daqui a uma semana muuuuuito provavelmente elas não vão valer nada. Podemos também fazer algumas contas.

Se considerarmos o preço de tela de cada um destes contratos no dia 30 de julho (quinta-feira que antecedeu o IPO da Vasta) e o preço de fechamento da última sexta-feira, a perda financeira estimada neste período será de R$ 139,8 milhões espalhada entre 25 mil investidores (cada CPF pode ter até as quatro opções).

Dividindo essa perda pelo total de titulares das opções, chegaremos em uma perda média de R$ 5.621 por titular. Não parece uma perda tão significativa, mas vamos lembrar que isso é uma média: alguns investidores podem ter comprado muito mais calls e se ferir que outros.

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Com tanta gente assim interessada em Cogna, era nossa obrigação explorar E MUITO o assunto.

Aqui no Stock Pickers temos algumas crenças fundamentais: quanto mais informação de qualidade e visões diferentes bem fundamentadas o investidor tiver, melhor ainda vai investir.

Nas próximas linhas e links você vai encontrar opiniões e visões muito bem fundamentadas sobre por que estar comprado, por que estar vendido e como operar opções de Cogna.

Motivos para estar short em Cogna

Breno Guerbatin, da Studio, definiu seu short em quatro pilares:

Em primeiro lugar, o declínio do Fies fez com que a empresa perdesse uma base importante de clientes e consequentemente muita receita. Só em 2019 são R$ 600 milhões a menos, de R$ 1,8 bi para R$ 1,2 bi. O segundo também tem a ver com o financiamento dos alunos: sem Fies, a empresa optou por financiar ela mesma os alunos, e agora lida com a inadimplência, que é muito maior, sozinha.

O terceiro motivo é uma expansão de campi simultâneo à redução do número de alunos de cursos presenciais, que Guerbatin enxerga como um problema semelhante a empresas aéreas que viajam com o avião vazio. Por último, o consolidado. Mesmo que a Vasta, sua subsidiária que presta serviços para escolas, empolgue analistas e investidores, para Guebatin ela ainda representa pouco no valor total da empresa e será uma fatia pequena por alguns anos.

Aqui você pode ver e ouvir a versão completa desta explicação.

Motivos para estar long em Cogna

Paola Mello, da GTI, percebeu os mesmos problemas que Guerbatin, mas enxergou ali uma oportunidade, principalmente por que todos esses problemas se refletiam no preço da ação.

“Não é todos os dias que você consegue comprar uma empresa que é líder de mercado, tem ótimas marcas,  presença nacional altamente consolidada, e com management de primeiríssima qualidade”, explica. O valor portanto, estava longe do preço.

Outro motivo que fez a Mello decidir investir na empresa é a possibilidade de geração de receitas no ensino fundamental. Com uma empresa como a Vasta, que poderia prestar serviços diversos e personalizados em um mercado com mais de 40 mil escolas privadas “aí sim temos um mercado escalável”.

Clique aqui para ver sua explicação completa

Como e por que operar opções da Cogna

O otimismo em torno das ações da empresa aparentemente transbordou para suas opções, conforme mostramos naquela tabela ali em cima. Por isso trouxemos o Fernando Góes, analista da Clear, que é um dos caras que mais entende do assunto, e já ensinou dezenas de milhares de pessoas (não é exagero) a operar com elas.

A primeira lição valiosa dele é: separe o investimento do trade ou da especulação. Isso é fundamental por que o valor das opções pode chegar a zero.

Para entender a visão do Góes sobre Cogna e suas opções, clique aqui.

Ouça o contraditório

Trazer argumentos de um gestor short na ação mais ‘comprada’ pelos investidores do Twitter pode ter causado desconforto para alguns traders que não gostam de ser contrariados.

Mas quem encara o investimento em ações como algo racional e não passional, certamente aproveitou a visão diametralmente oposta para validar suas próprias convicções.

Todos nós temos pontos cegos. O antagônico consegue expor melhor estes erros do que os “concordistas” de plantão.

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Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney