Luis Stuhlberger não acredita em catástrofe

Por que o gestor da Verde não abre mão da bolsa brasileira.

Renato Santiago

Texto originalmente enviado para os assinantes da newsletter do Stock Pickers em 28 de novembro sobre a entrevista que fizemos com Luis Stulbergher. O episodio de hoje é justamente essa conversa. Para se inscrever e começar a receber a newsletter, clique aqui.

Não é todos os dias que nós conseguimos conversar com um gestor de performance acima dos 17.000%. Aqui nós só conseguimos fazer isso duas vezes – e nos dois casos foi com Luis Stuhlberger, o lendário gestor da Verde Asset.

Se você leu nossa newsletter da semana passada, possivelmente se lembra que prometemos fazer um evento f***, e foi exatamente isso que aconteceu.

Além do Stuhlberger, conversamos com os CEOs das Melhores Empresas da Bolsa, vimos entrevistas com os grandes nomes da BlackRock e da Wellington e ainda tocamos um rock and roll ao vivo com nossos amigos do mercado financeiro (o show completo está aqui) e lançamos novas camisetas (aqui).

O Melhores da Bolsa 2020, do InfoMoney e do Stock Pickers, foi épico. E se você não viu, pode ver tudo que rolou aqui (exceto o palavrão que o Thiago Salomão mandou ao vivo).

Stuhlberger está de volta

Na primeira vez que ele apareceu por aqui, no episódio 32, em dezembro do ano passado, o mundo era muito diferente. Ainda não havia pandemia, o Ibovespa renovava máximas semanalmente, passando dos 115 mil pontos, o governo não tinha um déficit fiscal de R$ 868 bilhões e ninguém temia a volta da inflação.

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Nesta quarta-feira, no Melhores da Bolsa 2020, tivemos a oportunidade de conversar com ele mais uma vez, agora no contexto do novo normal (que talvez nem dê mais para chamar de novo, mas isso é outra discussão).

Na conversa de dezembro Stuhlberger falou muito sobre como o Brasil havia mudado e desde quando ele havia começado, nos anos 1980, e mostrou seu otimismo com o Brasil pós reforma trabalhista e implementação do teto de gastos.

Quarta-feira, quando conversamos com ele e com o Luiz Parreiras no palco do Melhores da Bolsa, esperávamos uma Verde Asset pessimista — ainda mais por que lemos a carta da gestora de dois meses atrás na qual eles detalharam suas preocupações fiscais com o aumento dos gastos do auxílio emergencial.

Na carta, a Verde acendia o sinal amarelo para a situação fiscal do país devido aos altos gastos do país com o auxílio emergência. O Brasil gastou como um país desenvolvido e chegou a aumentar a renda dos cidadãos durante a pandemia.

Não podemos dizer que Stuhlberger está otimista com Brasil, mas também não encontramos ali um Stuhlberger absolutamente pessimista, principalmente com a Bolsa. Mas vamos deixar que ele mesmo defina seu sentimento:

”Eu não acho que este cenário é negativo o suficiente para desinvestir em Bolsa e colocar no CDI. Digamos que essa é uma visão anticatastrofista”, afirma Stuhlberger. “A questão fiscal bate muito mais nos juros do que na Bolsa”, resumiu. Hoje o fundo Verde tem uma posição de cerca de 20% do patrimônio em Bolsa brasileira.

O outro Luiz da Verde, o Parreiras, mostrou que segue “pistola” com os preços dos IPOs do Brasil. Recentemente ele havia reclamado dos preços dos papéis nas ofertas primárias, acusando os bancos de investimento e empresários de buscar no mercado não sócios, mas “bolsos de mulher de malandro”.

“Eu imaginava que vocês perguntariam sobre isso, então trouxe uns números. Neste ano foram 27 aberturas de capital na Bolsa, com um retorno médio de 8%, distorcido pela valorização de quase 300% da Locaweb”, disse. Usando a mediana dos ganhos é -3% para diminuir esa distorção da Locaweb, o retorno dos IPOs é de -3%, segundo Parreiras.

“Os IPOs no Brasil, na mediana, são mal precificados. Os negócios têm saído com preço errado. Nos EUA, afirmou, a rentabilidade média está mais perto de 30%.”

Isso não quer dizer que a Verde não entra em ofertas primárias. Parreiras afirmou que entrou nos IPOs da Enjoei, da Petz e do grupo Mateus.

Sabendo do histórico do Suhlberger, do Parreiras e da Verde, tínhamos altas expectativas para esse painel, mas posso dizer sem falsa modéstia que elas foram amplamente superadas. Para assistir ao bate-papo completo, clique aqui para assistir ao vídeo e ler o relato do Lucas Bombana.

Os gringos

Os luíses da Verde não foram os únicos gestores que participaram do Melhores da Bolsa. Tivemos também uma palestra com John Boselli, da Wellington, empresa que talvez faça o melhor stock picking do mundo. Boselli, que gere um portfólio de ações globais de crescimento, revelou que suas apostas hoje estão nos Estados Unidos (principalmente as big techs) e na China.

O rendimento anualizado da carteira de Boselli é de 18%, portanto vale a pena ouvir o que ele tem a dizer. Para assistir e ler o relato da nossa colega Beatriz Cutait, é só clicar aqui.

Kate Moore, gestora da equipe de alocação da BlackRock, que tem US$ 7,4 trilhões sob gestão, explicou a visão da asset para as ações: sim, elas estão caras, mas devem subir ainda mais. “Temos mais informações disponíveis hoje, com melhor habilidade para ler o lucro das empresas, um ambiente de liquidez e estímulos monetários, então os múltiplos devem estar maiores do que estavam que historicamente e vamos ter que conviver com isso”, disse Moore.

Confira a palestra e o relato da Mariana D’Ávilla aqui.

Camisetas

Aproveitamos o Melhores da Bolsa para lançar também novos modelos de camisetas que têm tudo a ver com o nosso espírito roqueiro.

Se você entende um pouquinho de rock (e do mercado de ações do Brasil) vai entender as estampas abaixo. Clique nas imagens para garantir a sua.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney