Eles não são todos iguais: conheça os três tipos de value investors

Reunimos um value investor raiz, um agnóstico e um macro

Renato Santiago

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FLORIANÓPOLIS — O value investing é uma das estratégias de investimentos mais consagradas do mercado financeiro. Basta ver a performance de quem a usa no longo prazo e a quantidade de frases motivacionais de Warren Buffett (o maior value investor do mundo) sendo divulgadas por aí.

Apesar de ela ser uma estratégia única, existem muitos jeitos de aplicá-las. Neste episódio do Stock Pickers, gravado do palco da Expert Talks, em Florianópolis, reunimos três value investors diferentes:

O resultado da conversa está aqui.

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Bancos:

Cássio (Moat) tem uma das maiores posições em bancos, Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4). BB pois além de ser um banco é também uma estatal, que está em constante melhoria, Itaú tem um dividend yield maior que o CDI. Para não comprar Itaú tem que apostar que ele vai decrescer e essa não é a crença deles, mas principalmente por conta da capacidade de alocar capital da companhia, (exemplo foi o case da XP), e a capacidade de se reinventar. Hoje todos criticam os bancos, por ter agências e etc, mas eles vão mudar. Hoje a posição também é Itaú por ser o banco com maior potencial de realizar essa mudança. Aproveitou a queda recente do setor para comprar. Florian (Constellation) comentou sobre o aumento da concorrência do setor, como por exemplo Mercado Livre (MELI34) com a PagSeguro, são alternativas melhores e mais baratas que os bancos. Por isso prefere alocar em B3 (B3SA3) do que bancos, justamente por não correr esses riscos e ser uma posição mais defensiva. Duda (Occam) não enxerga muito crescimento nesse mercado que torna o setor um pouco desinteressante, também comentou sobre B3 por também ter a posição, gosta por ser a síntese da bolsa, “mais do que a bolsa subir, ela vai expandir”.

Ações defensivas para compor portfólio:

Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3), são excelentes para compor portfólio, principalmente para longo prazo, são ações que já andaram bem mas atuam em setores resilientes com monopólio regulamentado, posições ideias para inversões do mercado, segundo Florian. Duda complementa que o Brasil é o maior case de diminuição de juros nominal e real no mundo dos últimos 3 anos, traz beneficio para essas empresas, que com a gestão de qualidade que elas tem e com uma estratégia de consolidação com as aquisições, ainda apresentam um cenário positivo pela frente. Cássio disse preferir empresas de rodovia, como a CCR (CCRO3) e a Ecorodovias (ECOR3), por uma questão de regulamentação a empresa não tem que devolver o crescimento econômico ao consumidor, com PIB andando e juros estruturalmente mais baixo, são empresas que possuem assimetria, o crescimento do volume em rodovias é maior que o do PIB.

Gerdau:

Cássio comprou em uma época que não era um consenso do mercado, viam uma dicotomia entre o preço da Gerdau (GGBR4) e das construtoras, ao entender que o próximo passo do crescimento das construtoras seria o mercado de aço. Tem uma capacidade ociosa interessante, o que ajuda a empresa acompanhar o crescimento econômico, alavancagem operacional muito grande, desalavancagem financeira  com um cashflow yield muito alto, e o preço da matéria prima muito barato. Comprou posição seca no Long Only, e montou um trade relativo no Long & Short, comprado em Gerdau e vendido em Nucor (NUE), empresa norte americana análoga a Gerdau, pois nos EUA o setor está no final do ciclo.

Petrobras:

Florian disse que a empresa está passando por muitas transformações, é um consenso que ela nunca será privatizada, mas vem realizando venda de ativos, privatizaram a BR Distribuidora (BRDT3). Para Cássio, crescimento de produção, acha que o leilão da cessão onerosa foi bom para a companhia, comprou ativos muito bons e baratos que ela sabe explorar muito bem, deixou de ser uma companhia integrada com a venda das refinarias para se tornar uma empresa de produção de petróleo. Duda disse que a Petrobras (PETR4) está crescendo frente as demais petroleiras do mundo que não estão acompanhando, com desmembramento dela o risco político caiu, ainda pontuou que a Petrobras vai liderar o grau de investimento do Brasil e que tem como isso como meta.

Ação que acertaram com gosto:
Florian: Centauro, posição dobrou.
Cássio: BRF, via a febre suína africana há muito tempo, antes do mercado.
Duda: Magalu.

Uma ação que queria ter pego e não pegou:
Florian: não se martiriza por não ter pego alguma ação, mas citou brevemente BRF
Cássio: Ultrapar, fez comitê e tinha tudo que gostavam, mas não passou e não pegaram; papel saiu de R$ 16 para R$ 22.
Duda: JBS.

Qual ação para 2020:
Duda: JBS, empresa está expandindo margens contra concorrentes, não é só do momento.
Cássio: Gerdau, por conta do ciclo puxado pelo setor construção.
Florian: Disse que a composição do portfólio é muito mais do que uma posição só.

Apresentado por Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, o Stock Pickers vai ao ar toda quinta-feira às 17h. Você pode seguir e escutar pelo Spotify, Spreaker, Deezer, iTunes e Google Podcasts.

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney