Dólar, juros e bolsa disparando ao mesmo tempo: quem é o mentiroso do mercado?

Para Mariana Dreux, gestora das estratégias macro da Truxt Investimentos, os três estão contando uma certa verdade.

Josué Guedes

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Após a alta do dólar, renovação de máxima do Ibovespa e a disparada dos juros futuros, precificando um maior risco de investir no Brasil, uma pergunta dominou o mercado na semana passada: qual dos três está mentindo? Rendeu até um meme no nosso Twitter.

Para tentar descobrir quem é o “mentiroso” dessa história, conversamos com Mariana Dreux, gestora das estratégias macro da Truxt Investimentos, sobre o cenário macro do Brasil no segundo dia de maratona Coffee & Stocks dessa semana.

Cenário Brasil

Com a chegada da vacina em um mundo de juros negativos e estímulos fiscais agressivos, o cenário global para ativos de risco se tornou extremamente favorável. Isso explica em parte o forte rali do final do ano das bolsas.

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Aqui no Brasil, com a volta do fluxo para países emergentes, o Ibovespa também renovou máximas históricas, mas, por outro lado, a política continua nos fazendo lembrar que ainda não somos uma Suíça (apesar dos juros reais negativos).

Para Dreux, há muita incerteza no contexto político com as eleições dos presidentes do Senado e da Câmara e, além disso, a paralisia da agenda de reformas gerou muita decepção entre os investidores no final do ano.

“Nesse início de ano, com a volta da média móvel de mortes acima de mil por dia (batendo o pior momento da pandemia) no ano passado, acho que a discussão sobre a prorrogação do auxílio volta à tona e tem muita incerteza sobre qual a agenda, dependendo do novo presidente da Câmara, será tocada”, comentou Dreux sobre as incertezas do cenário Brasil.

Dólar, Ibov e Juros: Quem está mentindo?

“Olhando para os ativos no contexto atual (incerteza política), a resposta é que todo mundo pode estar contando uma certa verdade”, concluiu Dreux sobre a grande pergunta do mercado.

Na bolsa, Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e bancos (os três representam aproximadamente 40% do índice), no contexto de rotation (troca de ativos) e fluxo ajudam a explicar a alta de do Ibovespa com renovação de máxima histórica.

O dólar, que saiu de R$ 5 no final do ano passado para os atuais R$ 5,50, ao contrário da expectativa de muitos investidores, precifica atualmente um novo momento de incerteza.

E os juros, para Dreux, com uma reação impressionante (“voltou mais de 1 ponto percentual da semana passada para cá”) refletem a situação de fragilidade fiscal do país.

“Eu acho que a situação do fiscal do país explica esse movimento mais adverso na renda fixa. Temos uma situação em que, se a gente cumprir o teto de gastos nos próximos anos, num cenário de crescimento médio, só voltaremos a gerar superávit primário em 2025”, explicou Dreux sobre o estresse dos juros.

Se nenhum dos três está mentindo, qual deles diz a maior verdade?

Para Dreux, nenhum dos três está mentindo, pois há razões claras para o desempenho atual dos três ativos. Devido a sua maior preocupação com o cenário doméstico (eleições no Congresso e reformas) e a volta aos piores momentos da pandemia (o que pode afetar PIB e a popularidade do presidente), os ativos podem voltar a se correlacionar e isso significaria uma queda na bolsa junto com alta dos juros e dólar.

Acompanhe a maratona do Coffee & Stocks dessa semana no canal do Stock Pickers no YouTube.

Amanhã, às 8h, o Guilherme Giserman irá conversar com Ruy Alves, gestor de ações internacionais da Kinea Asset. sobre as bolsas americanas.

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