Cortar a Selic até 0% ao ano ou fim dos cortes? Duas visões MUITO antagônicas sobre o juro brasileiro

Nesta quarta-feira tem reunião e o mercado já precifica um corte de pelo menos 50 pontos-base, levando a Selic para 3,25% ao ano.

Matheus Soares

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Colocamos duas pessoas com as visões mais antagônicas que encontramos no Condado para explicarem, cada um em 3 minutos, seus pontos de vista para o que o Copom deveria fazer com a taxa Selic – nesta quarta-feira tem reunião e o mercado já precifica um corte de pelo menos 50 pontos-base, levando a Selic para 3,25% ao ano.

De um lado, Fernando Ulrich, sócio da Liberta Investimentos, que defende o fim dos cortes de juros desde o ano passado (pré-crise). Para ele, o corte traria mais problemas do que benefícios à economia brasileira:

“O corte de juros de 50 pontos-base não elevaria a oferta de crédito dos bancos, não incentivaria o consumo e ainda pressionaria o câmbio por conta da redução do diferencial entre o juro local e o americano. Seria um verdadeiro tiro no pé do Banco Central já que o próprio Tesouro Nacional poderia ter dificuldade na colocação da sua dívida tendo em vista a necessidade de financiar gastos por conta da epidemia ”

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Do outro lado e com uma visão completamente diferente, Guilherme Abbud, fundador e CIO da Persevera Asset, que já defendia Selic a 3% antes de toda a crise, agora já enxerga espaço para uma taxa de juros perto de zero.

Na visão do gestor, o Brasil não deveria se acomodar em um cenário de deflação de preços e recessão econômica. Até porque o exterior nos mostra que remédios econômicos (leia-se juro baixo) usados em países desenvolvidos, não só podem como já foram utilizados em países em desenvolvimento. Com isso em mente, ele não enxerga motivos para o BC não cortar juros.

“Grande parte da desvalorização cambial do Brasil já ocorreu, o investidor estrangeiro já tirou dinheiro do Brasil. Sobre a possibilidade de investidores exigirem prêmios maiores em caso de corte, a evidência internacional mostra o contrário: corte de juros curtos com legitimidade por países que passam por recessão e inflação, arrastam todos os vértices da curva para baixo. Ainda olhando o que aconteceu lá fora, do lado fiscal, a estabilização das dívidas públicas se dá muito mais pela queda do serviço da dívida, por conta da legítima queda dos juros, do que por enormes esforços primários. Acreditamos que o Banco Central deveria ser muito mais agressivo no ritmo de corte de juros, levando-o, inclusive, para perto de zero”, disparou Abbud.

Seja qual for a sua opinião sobre o juros, o que mais valorizamos no Stock Pickers é o debate de ideias. Não há melhor forma de fortalecer e validar seus argumentos que não seja ouvir quem pensa diferente de ti.

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Matheus Soares

Matheus Soares é analista da Rico Investimentos e um dos responsáveis pela Carteira Rico Dividendos 8+