Contra a maré: como as cotas do fundo Explora vêm subindo em meio à crise

Eduardo Munemori, gestor do Explora Investments, conta as estratégias que o fundo vem utilizando para seu bom desempenho em meio à turbulência do mercado

Stéfani Inouye

SÃO PAULO – Enquanto o índice Ibovespa acumula queda de cerca de 35,5% no ano, a cota do fundo da Explora Investmentos fez mais do que resistir aos impactos do coronavírus nos mercados. Subiu 17%.

Em entrevista exclusiva ao Coffee & Stocks nesta terça-feira (31) Eduardo Munemori, gestor da Explora, revelou o que está por trás da 2331valorização do fundo em um momento tão turbulento.

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“No geral, estávamos vendendo empresas caras e alavancadas, características que deixam pouca margem para qualquer deslize. É claro que ninguém prevê um evento extraordinário como esse, mas conseguimos passar bem por ele. Nossos shorts (posições vendidas) caíram em média 50% enquanto os longs (posições compradas) caíram não mais do que 32%”, conta.

Segundo ele, no geral, o fundo estava com mais posições vendidas do que compradas, com uma exposição líquida (valor das posições compradas subtraído da parcela vendida) de quase -30% e chegando a ficar em -40%.

“Hoje, a posição short diminuiu e a exposição líquida caiu para -5% ao longo do mês. Cerca de 80% dessa redução na exposição vendida veio da redução desses shorts e só 20% veio através de compras de nomes que já tínhamos ou novos nomes”, afirmou Munemori.

Cautela em primeiro lugar

Para Munemori, no entanto, o momento ainda é de cautela. “Temos algumas variáveis que não temos nenhum controle e a visibilidade ainda é muito baixa. Temos que ver a efetividade das políticas que estão sendo adotadas por Governos e Bancos Centrais. Estamos cautelosos e de uma forma gradual e diversificada montando posições novas e adicionando aos nomes atuais”, afirmou.

Questionado por Thiago Salomão sobre suas projeções para a bolsa até o final de abril, Munemori salienta o risco. “Ainda está muito complicado. Não vejo motivos para comprar agressivamente agora. Meu pano de fundo é que não vai ser agora que as coisas vão andar, mas vão se acertando ao longo do tempo”, disse.

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A menina dos olhos

No carrinho da Explora, Munemori destaca a presença da fintech brasileira de meios de pagamentos Stone, que tem suas ações listadas na bolsa de Nova York (Nasdaq).

“Através das maquininhas, a Stone conseguiu criar uma rede de relacionamento com todas essas empresas e, através dela, consegue ter um canal de comunicação com uma visão privilegiada dos business de cada uma dessas empresas”, afirma Munemori.

Ele também elogia a iniciativa da Stone de desenvolver um software de gestão para empresas, que, segundo ele, amplia a visibilidade do empresário sobre todo seu negócio e gera informações para toda cadeia produtiva envolvida.

“A Stone não tem um endividamento líquido expressivo, está pronta para passar por esse momento dificílimo e é um dos exemplos de empresas que vão conseguir atravessar essa crise. Temos que olhar pra isso aqui mais como uma oportunidade (porque os resultados vão cair), mas a gente sabe que isso volta lá na frente, as pessoas vão continuar transacionando”, declara.

O gestor também contou durante a entrevista que a carteira do Explora está mais diversificada do que o de costume. “Estamos com 17 nomes na carteira sendo que geralmente tivemos menos de 15 com uma grande concentração nas 4 maiores”, disse, acrescentando que cerca de 70% da parte comprada do fundo está alocada no Brasil e toda a ponta vendida está fora do país.

A entrevista de Munemori faz parte de uma série de conversas do Stock Pickers com os maiores especialistas em ações do Brasil. Para assistir agora a 6 videoaulas com os principais gestores e analistas do setor, basta clicar aqui.

Stéfani Inouye

Analista de conteúdo do InfoMoney, aborda temas ligados à educação financeira e mercado de ações.