Com inflação controlada, os EUA continuarão estimulando a economia

Para Carlos Kawall, estímulos econômicos ainda são boas notícias.

Josué Guedes

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Desde o início da crise ocasionada pelo coronavírus, o FED (Banco Central dos EUA) injetou na economia americana o equivalente a quase o triplo do PIB brasileiro em 2020 (US$ 3 trilhões de dólares).

Apesar do cenário em 2021 estar aparentemente mais previsível, o novo presidente dos EUA, Joe Biden, já anunciou um novo pacote de estímulos para a economia e parece que a impressora do FED não será desligada tão cedo pelos americanos.

Para entender as consequências dessa inundação de liquidez na economia americana, conversamos nesta segunda-feira, no Coffee & Stocks, com Carlos Kawall, diretor do Asa Invesments, empresa de investimentos criada pelo Alberto Safra.

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“Neste momento não vejo efeitos colaterais nesse pacote de estímulos. Em primeiro lugar, nossa impressão é que ele não chegará ao valor intencionado pelo Biden (1,9 tri). Várias casas estrangeiras trabalham com algo na casa de US$ 500 a US$ 900 bilhões. Um pacote de grande envergadura, mas que seria, na melhor das hipóteses, algo como 50% do valor anunciado”, explicou Kawall sobre o novo pacote a ser aprovado no início do mandato do presidente Joe Biden.

Os novos estímulos não surpreendem ninguém, mas o que todos querem realmente saber é se existe um limite para essa política fiscal e, principalmente, qual será a consequência futura para a economia americana dessa “chuva de dólares”.

“Há uma preocupação sobre o efeito que isso terá na curva de juros ou inflação. Ou seja, podemos ter um ambiente inflacionário que afete o juro longo e acabe tendo efeitos negativos do ponto de vista da própria intenção que do estímulo econômico. Isso não nos parece que está em vista devido ao tamanho menor do pacote e ao fato de a inflação global ainda estar em níveis bastante baixos, mesmo nos EUA, diz Kawall. “Vai ocorrer lá a mesma coisa que iremos enfrentar no Brasil: um pico inflacionário no meio do ano. Mas ela ainda vai ficar nesse ano de 2021 abaixo da meta do FED”, comenta.

Caso haja uma alta mais pronunciada nos títulos do governo norte-americano, para o patamar de1,5%, o FED, segundo Kawall, tem instrumentos para alongar o horizonte dos ativos que ele está colocando em seu balanço e mitigar um efeito maior. Para Kawall, esses estímulos são necessários e os efeitos colaterais não devem superar os benefícios que eles trazem.

Assista ao vídeo completo no player acim e acompanhe o Coffee & Stocks toda segunda às 8h no nosso canal no YouTube (inscreva-se para não perder nenhum episódio).