Cielo não depende da maquininha para sobreviver, diz gestor

Daniel Alberini, da CTM Investimentos, acredita que o pior para Cielo já passou.

Josué Guedes

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No meio da confusão que atingiu os mercados em março do ano passado, Daniel Alberini, gestor da CTM Investimentos, começou a montar sua posição em Cielo (CIEL3) enxergando uma assimetria em uma empresa que, segundo o próprio Alberini, está sendo tratada como a Geni da música do compositor Chico Buarque: “ninguém quer nem chegar perto”.

Desde suas máximas em 2017/2018, a Cielo já acumula uma queda de aproximadamente 80%. Só ano passado, a empresa chegou a cair quase 50%.

Para Daniel Alberini, essa queda expressiva já precifica tudo de ruim que poderia acontecer com a empresa e não leva em consideração as “opcionalidades” presentes atualmente no negócio. Abaixo, os principais trechos:

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Modelo de negócio: o que a Cielo faz?

A Cielo hoje é a maior adquirente do sistema de pagamentos no Brasil. E o adquirente ficou muito famoso por “ser a maquininha”. Mas, no final do dia, o adquirente é quem captura a transação. E isso pode ser feito de diversas formas: maquininha, Apple Watch, via digital, íris, etc. Ou seja, o processo de operacionalizar a transação do meio de pagamento que é o negócio da Cielo.

Mais do que uma simples maquininha

Não enxergar a Cielo como uma empresa de maquininha é o ponto central da nossa tese, porque o mercado, de forma geral, enxerga como um negócio de maquininha. Então, acham que, se a maquininha morreu, a Cielo vai morrer também. E, para a gente, mais importante que a maquininha é ter a robustez e a escala do processamento dos meios de pagamento. Então a Cielo tem uma tecnologia por trás disso, muita comunicação com toda a parte de backoffice relacionada às transações e com os bancos etc. Esse elo, essa cadeia de meios de pagamento, que é o negócio da Cielo.

Resultados

Eu costumo dizer que a Cielo hoje é a Geni do mercado: ninguém gosta e só bate nela. Eu, particularmente, fiquei muito contente com o resultado, achei um resultado bastante expressivo principalmente porque a empresa vinha queimando caixa para se reposicionar no setor que sofreu muitas mudanças nos últimos tempos. O resultado do quarto trimestre aponta para a consolidação do processo de que a empresa está se movimentando e está na “briga”. E demonstrou que ela tem duas coisas que todo player de meio de pagamentos no mundo inteiro quer: dinheiro e escala. Isso me deixa relativamente confortável com o case e animado com as perspectivas futuras, porque tudo de ruim já está no preço. Está muito assimétrico.

Cielo continuará sendo líder?

Ter o maior “marketshare” não implica em ganhar mais dinheiro dentro de um setor. E eu acredito que um pouco disso que está acontecendo passa por esse processo: tem uma faxina no caminho. E o ponto mais importante é que os volumes de receita, os volumes de transação, está estável. Além disso, a troca de “maquininhas” pelos clientes, de uma forma geral, caiu 50%. Agora, os custos estão sendo cortados e esse aspecto, combinado com o resultado do 4T, demonstra que a Cielo parou de brigar por preço e está entendendo suas “fortalezas” e objetivos.

Próximos passos

O que eu vejo é uma melhora operacional, uma boa redução de custos, senso de urgência dos executivos e um processo de competição que estancou a entrega de mercado para os competidores. Então, se a gente olhar para o 4T e imaginar o terceiro e o quarto, um mix disso, é uma proxy para o ano de 2021, a Cielo será muito rentável. Hoje, você já precificou tudo de ruim na empresa, mas, na medida em que a empresa gera caixa, expande o tamanho e fala “estou vivo e não estou perdendo dinheiro”, o jogo começa a ser outro. E as “opcionalidades” de negócios futuros, para mim, não estão precificadas.

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