Cemig: saiba por que o patinho feio do setor é uma das maiores posições da carteira da Vinci Partners

Gustavo Kataguiri, gestor da Vinci, deu uma aula sobre Cemig e contou o que o mercado "parece não querer ver"

Matheus Soares

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No quarto Coffee & Stocks da semana dos contrarians da bolsa, o apresentador Thiago Salomão conversou com Gustavo Kataguiri, sócio e gestor dos fundos de dividendos e long biased da Vinci Partners – por três anos consecutivos (2013, 2014 e 2015), ele foi responsável por um dos três melhores e maiores fundos de dividendos do Brasil.

Diante de mais de mil espectadores simultâneos que acompanhavam o programa, Kataguiri falou sobre Cemig, companhia de energia elétrica de Minas Gerais e, de acordo com ele, “o patinho feio do setor”.

Das teses que trouxemos aqui ao longo da semana, Cemig talvez não seja a mais contrarian delas, mas é, sem dúvida, a mais bagunçada do resiliente e previsível setor de energia elétrica. O pilar central da tese de Kataguiri foca nos ganhos de eficiência que a empresa tem condições de absorver ao longo dos próximos trimestres. Eficiência esta que já começou a aparecer, mas o mercado parece não querer olhar:

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“Em 2017, o endividamento da Cemig chegou a bater 5 vezes a sua dívida líquida sobre o Ebitda [uma aproximação da geração de caixa operacional de uma companhia]. Hoje, esse mesmo indicador está mais próximo de 3 vezes com o custo médio de dívida de 6% ao ano, só isso contribui com quase R$ 1,5 bilhão nos resultados. […] Ela tem muito espaço para ganhar com eficiência e corte de custos. Se falarmos de 50% de corte de custos é pouco perto do que ela pode cortar”, disse o gestor.

Por mais desafiador que isso possa parecer, afinal como toda empresa estatal ela tem os seus desafios políticos, carregar o ativo em carteira diante de um juros de 2,25% ao ano faz sentido também pela possibilidade de recebimento de dividendos.

No estatuto da empresa, a Cemig é obrigada a pagar um dividendo mínimo de R$ 0,50 por ação preferencial ou 50% do lucro líquido, o que dá aproximadamente 5% de Dividend Yield (dividendos por ação sobre o preço da ação) pelos cálculos do gestor, podendo chegar a 7% ao ano em 2021.

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Além disso, muitas opcionalidades parecem não estar no preço para Kataguiri: é o caso da renovação dos contratos de geração de energia, já refletido em empresas como Copel e Eletrobras, mas em Cemig ainda não; direito ao crédito tributário de R$ 6 bilhões em PIS e Cofins na distribuidora – precificada nas empresas do setor, mas não em Cemig – e quase R$ 1 bilhão na geradora; possibilidade de venda de participação em Taesa, Light e Gasmig.

“Gostamos do papel porque a relação risco-retorno parece muito interessante. Calculamos um retorno real de mais de 10% em Cemig, com ela sendo uma estatal mal gerida. Ou seja, à medida em que a empresa for cortando custos e destravando valor, o mercado vai começar a olhar para ela já que é um papel que hoje está largado. É o patinho feio do setor”.

Embora o lado político seja um dos motivos para a empresa ter sido deixada de lado, para Kataguiri a oportunidade é justamente ser um investimento que não depende da questão política. Nesse ponto, ele inclusive compara com o investimento que fez em Eletrobras, quando a privatização ainda era vista com muito ceticismo. “Quando Eletrobras estava R$ 10 e ninguém queria, nós compramos pela ‘boçal’ geração de caixa que a empresa gerava. Cemig é a mesma coisa”.

Outro fator preponderante para a tese são as pessoas que estão tocando a transformação da companhia: o atual CEO da Cemig, Reynaldo Filho, foi também CEO da CTEEP, outra empresa na qual a Vinci foi acionista e ganhou dinheiro. Naquela gestão, Reynaldo foi responsável por um tremendo corte de custos na empresa, mesmo ela já sendo uma das mais eficientes do setor. Ou seja, dá para acreditar que o mesmo pode acontecer em Cemig.

Além de Cemig, outra posição grande dentro da carteira dos fundos dividendos e Long Biased está em Geração Paranapanema – mais de 40% da carteira dos fundos está no setor de energia elétrica.

Nos minutos finais do papo o gestor ainda falou sobre Totvs, empresa de tecnologia que, embora não seja uma tese contrarian, tem dado muita alegria para os cotistas dos fundos da Vinci.

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Confira tudo o que foi conversado no Coffee & Stocks de hoje clicando na imagem abaixo.

Matheus Soares

Matheus Soares é analista da Rico Investimentos e um dos responsáveis pela Carteira Rico Dividendos 8+