“Brasil lindo na foto”? O que explica a alta da Bolsa e a queda do dólar, e o que esperar para os próximos meses

Bruno Marques, gestor do XP Macro, e Débora Nogueira, economista-chefe da TNAX, destrincham o cenário macro brasileiro no episódio 138 do Stock Pickers

Henrique Esteter

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Poucos investidores tinham grandes expectativas para a Bolsa brasileira neste ano, depois de um 2021 decepcionante, com os mercados globais tendo um desempenho bem melhor que o local.

Mas eis que 2022 surpreendeu, e não apenas por conta da alta do Ibovespa. O dólar atualmente opera abaixo dos R$ 4,80, completamente descolado das projeções da maioria dos analistas (vale ressaltar que o Boletim Focus divulgado na última segunda-feira demonstra que economistas ainda projetam um patamar próximo de R$ 5,30 para 2022).

Em meio a guerra, ano eleitoral, inflação em patamares recordes em diversos países do mundo, o que explica esse bom humor com o mercado brasileiro?

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Apesar do descasamento de diversas variáveis globais, com choques difíceis de serem antecipados, o episódio 138 do Stock Pickers nos ensinou que o mercado foca apenas em alguns grandes temas de cada vez, e, atualmente, são dois: carrego e termos de troca.

Como Débora Nogueira, economista-chefe da TNAX, resumiu: “Enquanto carrego e termos de troca forem os principais temas de atenção do mercado, o Brasil está muito lindo na foto”.

Traduzindo: com as commodities em alta, e o Brasil sendo um grande exportador, os termos de troca são favoráveis. Além disso, o fato de os juros aqui estarem mais elevados que na maioria dos mercados costuma levar investidores a captar recursos em locais que cobram taxas mais baixas para aplicar no país. O carrego é a capacidade de manter esse tipo de estratégia levando em conta as expectativas.

O problema é a continuidade desse cenário. A mudança de paradigma em termos de dependência energética, questão acentuada com a guerra entre Rússia e Ucrânia, e a perda de eficiência do comércio global podem resultar num risco de estagflação ou recessão para países relevantes. Um cenário que não costuma ser favorável à economia brasileira, lembra Bruno Marques, gestor do XP Macro.

E se você acha que a inflação está alta, acredite: pode ficar pior. Ambos os economistas acreditam na possibilidade de que o mercado brasileiro passará por uma revisão altista nas expectativas de preços domésticos para 2022, adicionando um fator importante para a situação: nos Estados Unidos, tal cenário não é distinto.

Porém, a grande diferença é que o Brasil tem subido juros desde março de 2021, aproximando-se do fim do ciclo de contração, enquanto nos EUA o movimento mal começou.

Ouça o episódio completo, que contou ainda com um apresentador-surpresa.

Henrique Esteter

Henrique Esteter é especialista de mercados do InfoMoney e apresentador do Stock Pickers