A seca dos chips e a crise de uma indústria de US$ 450 bilhões

Falta generalizada de semicondutores pode mudar para sempre o ecossistema de chips no mundo. Como o investidor em ações pode aproveitar esse movimento?

Renato Santiago

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De todas as consequências da pandemia que a economia global enfrenta hoje, talvez a mais improvável e imprevisível seja a escassez generalizada de chips e semicondutores no mundo todo.

Peças vitais em todos os tipos de aparelhos atualmente, os chips estão presentes em aparelhos cada vez mais indispensáveis, como computadores e smartphones e indústria que até pouco tempo atrás ignoravam semicondutores, como a automobilística.

Mas a pandemia atingiu a todos. E no caso da indústria de chips não poderia ser diferente. No segundo episódio do GlobalizAções falamos sobre o choque que esse setor enfrenta, sobre os principais players desse mercado e sobre como e porque o investidor em ações global deveria prestar atenção nele. As quatro principais empresas desse mercado têm BDRs disponíveis na B3.

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A falta de chips

Há um ano o mundo se dava conta de que a pandemia havia chegado e que a economia sofreria graves consequências. As montadoras, que hoje produzem carros elétricos e muito mais inteligentes que antes, foram as primeiras a agir, cancelando seus pedidos de semicondutores.

Enquanto isso, as empresas e escolas mandavam seus funcionários e alunos para trabalhar e estudar em casa e não demorou que a demanda por computadores, monitores e outros equipamentos aumentasse.

Com a demanda aumentando de um lado, mas diminuindo de outro, poderia parecer que estava tudo bem. E estava, até que as montadoras notaram que estavam erradas sobre sua demanda e tiveram que rever seus cancelamentos, retomando seus pedidos no último trimestre do ano passado.

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Para completar, as fabricantes de celulares começaram suas encomendas para os celulares da nova geração, já equipada com 5G, que exige até 40% mais semicondutores.

O resultado de tudo isso é a falta generalizada de chips, com linhas de produção da Volkswagen paradas, oferta menor dos novos smartphones de Apple e Samsung e governos pressionando Taiwan (o maior produtor e chips do mundo) e tentando outras saídas.

Consequências

Quais podem ser as consequências da crise para o setor? Segundo Charles Shum, analista da Bloomberg, as perspectivas são positivas:

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“O mercado de semicondutores tem fundamentos muito sólidos. Nos próximos cinco a dez anos temos dois pilares muito importantes, que são o 5G e os carros elétricos. No caso do 5G estamos falando de uma rede sem fio que não vai conectar apenas seu laptop, seu PC ou seu smartphone, mas também outros aparelhos da sua casa. Por trás disso são necessários muitos processadores, memória. Por outro lado tem também os carros elétricos cujo conteúdo de semicondutores é muito maior que dos carros tradicionais”, diz Shum.

Quem é quem

Os grandes players desse mercado são quatro, em ordem de valor de mercado: TSMC (US$ 600 bilhões), NVidia (NVDC 34, US$ 390 bilhões), Intel (ITLC34, US$ 245 bilhões) e AMD (A1MD34, US$ 100 bilhões), e todos devem sofrer consequências positivas ou negativas dessa crise. O mercado, no entanto, parece estar de olho em duas empresas: TSMC e Intel.

A primeira é o maior produtor de semicondutores do mundo, um colosso de quem todos dependem, e a segunda é uma empresa que já foi o exemplo a ser seguido, ficou para trás, mas pode protagonizar um fenomenal turnaround.

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Hoje, os analistas colocam mais fichas na primeira. Segundo a Bloomberg, TSMC tem 34 recomendações de compras, uma de manutenção e uma de venda. Já Intel,
19 compras, 15 manutenções e 11 vendas.

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Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney