Consumo de sal em alimentos pode aumentar risco de depressão em 40%, diz pesquisa

A pesquisa utilizou um banco de dados britânico que abrangeu mais de 400 mil pessoas ao longo de 12 anos

Victória Anhesini

jcomp/Freepik
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Um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade Médica de Xinjiang, na China, aponta que o hábito cotidiano de adicionar sal aos alimentos pode ter efeitos significativos na saúde mental.

O trabalho, publicado na revista Journal of Affective Disorders, utilizou um banco de dados do Reino Unido (UK Biobank) e acompanhou mais de 400 mil pessoas ao longo de 12 anos. Durante esse período, foram registrados 18.678 casos de depressão e 22.017 de ansiedade.

Os dados mostram que pessoas que mantêm o hábito de adicionar sal diariamente têm até 40% mais chances de desenvolver depressão e ansiedade. Por outro lado, aqueles que utilizam sal ocasionalmente nos alimentos apresentaram um risco significativamente menor: entre 5% e 8%, dependendo da condição.

Os autores afirmam que este é o primeiro estudo a relatar os efeitos significativos da adição de sal aos alimentos em relação ao risco de desenvolver depressão e ansiedade.

Além disso, a pesquisa destaca que o sal de cozinha pode interferir na produção de serotonina e dopamina, conhecidos como “hormônios do humor”. Outro ponto importante abordado pelo grupo de estudos é a relação entre o consumo excessivo de sal e o envelhecimento biológico, um fator que pode agravar problemas de saúde mental.

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A pesquisa chinesa não é a única que busca entender a relação entre o consumo excessivo de sal e as interferências que podem ocorrer na saúde mental.

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Um estudo publicado em março deste ano no Journal of Immunology reforça essa relação ao demonstrar, em modelos animais, que dietas ricas em sal podem desencadear sintomas semelhantes aos da depressão.

O experimento submeteu camundongos a uma alimentação rica em sódio durante cinco a oito semanas. Segundo o estudo, foi possível observar que os animais começaram a exibir comportamentos semelhantes aos de camundongos sob estresse crônico, um modelo clássico para estudar transtornos depressivos.

Além dos comportamentos, os pesquisadores identificaram um aumento significativo da citocina inflamatória IL-17A, uma substância ligada à depressão, no baço e em algumas regiões do cérebro dos animais.

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Na segunda fase do estudo, ao bloquear as células que produzem IL-17A, mesmo mantendo a dieta rica em sal, os comportamentos depressivos deixaram de progredir.

Além das implicações para a saúde mental, o sal de cozinha já é amplamente associado a doenças como hipertensão e câncer de estômago.

Uma pesquisa da Universidade Médica de Viena mostrou que pessoas que frequentemente adicionam sal à comida pronta têm 39% mais chances de desenvolver câncer gástrico em um período de 11 anos.

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Para quem prefere evitar o consumo excessivo de sal, é possível utilizar substituições com outros temperos, sempre em moderação. Alguns temperos recomendados por nutricionistas são o alho, limão, vinagre e pimenta-do-reino.