Anvisa aciona agências no exterior para importar antídoto de intoxicação por metanol

Sem registro no Brasil, medicamento é considerado antídoto mais eficaz; governo comprou etanol farmacêutico para atendimento imediato

Victória Anhesini

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Com o aumento de casos de intoxicação por metanol no Brasil, o governo está em busca de adquirir o fomepizol, um medicamento utilizado como antídoto contra envenenamentos desse tipo. Até então, o produto não tinha registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas a agência já acionou autoridades internacionais para acelerar a autorização de importação.

A Anvisa já contatou o FDA, dos Estados Unidos, a EMA, da União Europeia, e diversas outras agências de países como Canadá, Reino Unido, Japão, China, Argentina, México, Suíça e Austrália.

O medicamento é visto como a principal opção em casos de intoxicação por metanol, pois ele impede que a substância passe por uma reação química e seja convertida em metabólitos altamente tóxicos, que são justamente os que causam lesões graves no fígado e no sistema nervoso.

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Sem o fomepizol, serviços de saúde acabam recorrendo a outros tipos de tratamento, como a utilização do etanol farmacêutico, que retarda os efeitos do metanol, porém a segurança e a eficácia não são as mesmas do remédio.

No meio tempo, o Ministério da Saúde confirmou na quinta-feira (2) a compra emergencial de 150 mil ampolas de etanol farmacêutico. De acordo com o ministro Alexandre Padilha, a aquisição vai ampliar a capacidade de resposta de estados e municípios no atendimento às vítimas. Ele informou ainda que um estoque estratégico com 4,3 mil ampolas já foi distribuído entre hospitais universitários e unidades do SUS..

Com a solicitação emergencial feita pelo Ministério da Saúde, a Anvisa lançou um edital de chamamento internacional para encontrar fornecedores que já tenham o medicamento em estoque. O objetivo é acelerar a chegada do produto ao país e assegurar o abastecimento imediato.

“Os pedidos e compras de antídotos que estamos fazendo são por precaução. Nos últimos anos, não ultrapassamos 20 casos por ano, mas temos observado um registro maior no estado de São Paulo. Essas são medidas preventivas”, disse o ministro

Além disso, três laboratórios (o Lacen/DF, o Laboratório Municipal de São Paulo e o INCQS/Fiocruz) foram encarregados de analisar amostras de possíveis bebidas adulteradas. As vigilâncias sanitárias locais também estão atuando com fiscalizações em campo em diversos estados.

Em caso de suspeita de intoxicação por metanol, a orientação é ligar para o Disque-Intoxicação (0800-722-6001), serviço que reúne 13 centros especializados no país.

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