WSJ: “nome de peso volta para convencer eleitor de que Dilma não deve ser reeleita”

Em reportagem deste final de semana, o jornal americano fala de Armínio Fraga, ex-presidente do banco central, que aconselha Aécio Neves (PSDB) e que, agora, está falando abertamente em voltar ao governo, talvez como ministro da Fazenda se o tucano vencer o pleito

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria deste final de semana, o Wall Street Journal ressaltou que, em meio a um crescimento lento e inflação alta prejudicando as chances da presidente brasileira de conseguir um segundo mandato, um peso-pesado financeiro voltou e “juntou-se à oposição para convencer os eleitores de que o Brasil precisa de um novo administrador econômico”.

O nome dele é Armínio Fraga, ex-presidente do banco central, que aconselha Aécio Neves (PSDB) e que, agora,  está falando abertamente em voltar ao governo, talvez como ministro da Fazenda se Aécio ganhar o pleito.

“Eu não iria fazer isso se eu não me sentisse profundamente incomodado, e eu estou”, disse Fraga em entrevista ao jornal, que ressalta que, apesar de Dilma continuar favorita, ela está vendo a sua vantagem frente ao tucano diminuir.

“O calcanhar de Aquiles da presidente é a economia. O crescimento do PIB provavelmente não vai chegar a 1% este ano; alguns analistas estão até prevendo uma recessão. Por outro lado, a inflação no Brasil está persistentemente elevada […]”. 

Assim, aponta o jornal, Armínio Fraga aparece na disputa com seu currículo destacando-o como ex-presidente do Banco Central entre 1999 e 2002, na administração do presidente Fernando Henrique Cardoso, em que ajudou a estabilizar a moeda e conter os preços ao consumidor. Ele contém gastos, mantém metas de inflação resistente e uma taxa de câmbio flutuante, políticas estas que se tornaram conhecidas no Brasil como o “tripé econômico”.

Além disso, aponta o jornal, ele é altamente crítico da decisão do governo Dilma Rousseff de restringir o aumento dos preços da gasolina e energia elétrica, que classificou como “truques”. Ele também está alarmado que o banco central do Brasil vem intervindo regularmente nos mercados de divisas para sustentar o real, uma estratégia que ele chama de um “movimento populista” e que vai se tornar inviável, uma vez que o Brasil precisa se concentrar nos fundamentos de longo prazo. 

Depois de deixar o banco central, Fraga ajudou a fundar a Gávea Investimentos, empresa de gestão de ativos com cerca de US$ 7 bilhões em ativos sob gestão. Ele também atuou como presidente do do Brasil BM&FBovespa e, no início de sua carreira, trabalhou na Soros Fund Management LLC em Nova York por 6 anos. “Mas se essas credenciais prestigiosas vão ajudar a aumentar as chances de Aécio, é algo que ainda se deve esperar para ver”, aponta o jornal. 

Um porta-voz da Dilma se recusou a comentar. Mas na campanha eleitoral, o presidente e seu mentor político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, constantemente lembra aos eleitores de que milhões de brasileiros foram tirados da pobreza desde que o seu partido, o PT, foi ao poder em 2002. 

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que assessorou tanto Dilma e Lula, destacou que as ideias de Fraga não se traduziram em um crescimento robusto para o Brasil. “Eles falam sobre o” tripé econômico “, como se fosse Santíssima Trindade, mas o fato é que, durante os oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso a economia cresceu muito pouco, uma média de apenas 2,3%”, disse Belluzo, que também é um acadêmico e escritor.

Por outro lado, o ex-presidente do BC afirma que muitos brasileiros sentem que o País está no caminho errado e que o pessimismo atual sobre a economia está bem fundamentado. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.