William Waack: por que o Centro sumiu nessas eleições presidenciais?

"A maioria do eleitorado caracteriza um fenômeno que diz algo como 'estamos dispostos a romper com isso daí'", aponta o jornalista

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A liderança de Jair Bolsonaro (PSL) e a subida rápida de Fernando Haddad (PT) nas pesquisas mostram que a eleição vai decidir contra alguma coisa e não necessariamente por alguma coisa, destaca William Waack em seu comentário diário. 

“A maioria do eleitorado caracteriza um fenômeno que diz algo como ‘estamos dispostos a romper com isso daí’. Assim, encerra-se aqui nessa eleição, do jeito que as coisas estão agora, um longo período de luta política no Brasil que vem pelo menos desde 1988”, avalia.

Nesse cenário, a preferência do eleitorado é por figuras autoritárias – e o mais notável nesse conjunto é evidentemente o líder Bolsonaro, que tem como proposta resolver as coisas com autoridade e rapidamente. “Do outro lado, a agremiação política que parece que no momento vai disputar o segundo turno, o PT, é o símbolo acabado de que apenas a vontade política resolve – e nós sabemos para onde a vontade política do PT nos levou. Mas como proposta de resolver problemas continua de pé e tem ressonância significativa com uma parte do eleitorado”, ressalta. 

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Assim, o que estamos vendo é o enterro da social-democracia caracterizada pelo tucanato, diz Waack. “Em outras palavras, não existe centro. Não estou dizendo partidos fisiológicos ou os que estão no centro do espectro político. O eleitorado com raiva e com indignação quer uma solução rápida e não está se importando com a magnitude de problemas que analistas sabem que não comportam soluções rápidas. Esta é uma perigosa ilusão”. 

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Com esse sentimento em voga, é interessante apontar que Bolsonaro não é necessariamente o criador dessa onda de raiva e indignação, mas ele surfa e é empurrado por ela. “Talvez ele seja um símbolo muito forte do fato de que boa parte das elites pensantes brasileiras, que normalmente vive em bolhas, pensaram um país caracterizado pelo politicamente correto e pelo bom mocismo. Mas, na verdade, somos um país caracterizado por violência, desigualdade social, miséria”.

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Assim, há uma sensação do eleitorado brasileiro de se sentir abandonado, não só pelas elites pensantes, mas também pelos partidos tradicionais e por suas figuras. E essa é provavelmente uma explicação de porque uma candidatura com tantas ferramentas fortes tradicionalmente na luta política eleitoral, como a candidatura de Geraldo Alckmin, não consegue decolar.

“Os 13 anos do PT a gente conhece bem. Se considero que o Centro está desaparecendo e que boa parte do eleitorado brasileiro se incline por uma solução identificada como Jair Bolsonaro, estamos então diante de uma incógnita: o que vem hoje é muito difícil de dizer”, conclui Waack.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.