“Você quer que eu perca eleição?”, rebateu Dilma sobre sugestão de Mantega para cortes

Por eleição, Dilma recusou cortar gastos em março de 2014, informou colunista do jornal Valor Econômico

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Se no final de agosto a presidente Dilma Rousseff fez um mea-culpa tardio ao admitir ter errado na avaliação da gravidade da situação econômica durante a campanha eleitoral de 2014, notícias vêm indicando que ela já sabia do cenário econômico em vias de deterioração há mais tempo.

No final de agosto, o jornal Folha de S. Paulo destacou que pelo menos três auxiliares que integraram a equipe da presidente disseram que ela foi alertada que ajustes na economia eram necessários já no ano passado. Além disso, recordaram alertas inclusive vindos do ex-presidente Lula, que defendia mudanças na política econômica e pediu a troca do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Por sinal, Mantega inclusive, sugeriu à presidente medidas para reduzir gastos públicos antes do início da campanha eleitoral como mudanças no pagamento do seguro-desemprego, abono salarial e das pensões. Porém, a presidente preferiu postergar as medidas para depois das eleições.

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E hoje, a colunista do Valor Econômico, Claudia Safatle, destacou que já em março de 2014 o então ministro levou as sugestões de cortes à presidente, que teria respondido: “Você quer que eu perca a eleição?”

A partir do posicionamento da presidente, Mantega continuou tratando a obtenção de superávit primário do setor público como possível e alimentou essa expectativa publicamente até as eleições, afirmou a colunista.

E, só após a reeleição da presidente, Mantega admitiu queda da receita como resultado da recessão que se instalava. Enquanto isso, as despesas só cresciam. 

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O jornal destaca ainda que a equipe de Mantega deixou um documento com sucessores na Fazenda com  análise da situação e propostas que viriam a ser adotadas por Joaquim Levy no primeiro pacote de medidas de ajuste fiscal para 2015, anunciado no fim de 2014.

 O documento, destaca o jornal, trazia sugestões e impactos da redução da despesa com abono salarial, seguro-desemprego, pensão por morte e auxílio doença, além de propostas de elevação de receitas com aumento do IOF sobre crédito ao consumo, tributação sobre cosméticos, bebidas frias e PIS/Cofins nas importações.

O texto, datado de novembro de 2014, mencionava ainda a demanda por uma taxa de câmbio mais competitiva e melhoria do ambiente de negócios a partir de reformas no sistema tributário e redução da taxa de juros. “Era clara a noção, no Ministério da Fazenda de Mantega, de que na falta de uma âncora fiscal para a política econômica, a política monetária do Banco Central teve que ser a âncora”, afirma a coluna.

Por outro lado, não trazia uma linha citando a “crise externa”, que depois foi usada por Dilma para justificar as dificuldades do País.


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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.