Vitória expressiva na Carolina do Sul ressuscita candidatura de Joe Biden

Ex-vice de Obama estava nas cordas, mas agora se apresenta como principal adversário de Bernie Sanders

Sérgio Teixeira Jr.

Joe Biden, pré-candidato à presidência dos EUA pelo Partido Democrata. Ex-vice-presidente de Barack Obama (Foto: Página oficial da campanha no Facebook)

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Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama, obteve uma vitória acachapante nas primárias da Carolina do Sul e se posicionou como o principal adversário do esquerdista Bernie Sanders, tido hoje como o favorito na disputa pela candidatura presidencial do Partido Democrata.

Biden era o favorito no estado, mas sua vantagem em relação a Sanders foi surpreendente (com a totalidade das urnas apuradas, o ex-vice obteve 48,4% dos votos, contra 19,9% de Sanders). Os números representam mais uma reviravolta de uma das temporadas de prévias mais conturbadas da história dos Estados Unidos.

No ano passado, as pesquisas apontavam Biden como favorito num eventual embate contra Donald Trump. Mas performances decepcionantes nas três primeiras etapas das primárias (Iowa, New Hampshire e Nevada) o deixaram nas cordas.

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A vitória expressiva de ontem recolocou o veterano Biden – que tem 77 anos de idade e, em suas duas candidaturas anteriores, nunca havia vencido as primárias de nenhum estado – no centro das atenções.

A chave foram os eleitores negros. Embora tenha sido apenas o quarto estado americano a realizar prévias, a Carolina do Sul tem uma enorme população negra – cujo apoio é crucial no resto das primárias e também na eleição geral.

Biden agora tem dois grandes desafios. O mais urgente é estender o sucesso na votação de depois de amanhã, a chamada Super Terça, quando 14 estados realizam suas primárias. Um terço dos delegados da convenção democrata serão alocados neste dia.

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Sanders é o grande favorito para conquistar o maior número de delegados na terça, mas o ressurgimento da candidatura Biden promete mudar o equilíbrio de forças da ala moderada do partido.

Alabama, Carolina do Norte e Tennessee são três estados da Super Terça com significativas proporções de eleitores negros. Os dois pesos-pesados Califórnia e Texas contam também com importantes populações de origem latina. A campanha de Biden espera que o bom resultado na noite de ontem sirva como um “trampolim” nesses estados.

Um eventual bom resultado esta semana terá relação direta com o segundo desafio de Biden: convencer os outros candidatos moderados – Pete Buttigieg, Amy Klobuchar e Michael Bloomberg — a abandonarem suas respectivas campanhas em seu favor. (Na noite de ontem, os o bilionário Tom Steyer abandonou a disputa, mas ainda não se sabia quem ele apoiaria).

Quanto mais a divisão da ala centrista se arrastar, maiores as chances de que Sanders saia da vitorioso da convenção do Partido Democrata e figure nas cédulas como o adversário de Donald Trump em 6 de novembro.

Apesar dos bons resultados nas primeiras prévias, Buttigieg, ex-prefeito de uma pequena cidade do estado de Indiana, ainda é relativamente desconhecido – e conta com pouquíssima penetração entre os eleitores negros e latinos. O mesmo vale para a senadora Klobuchar, do estado majoritariamente branco de Minnesota. Depois dos resultados de ontem, o fim das campanhas de ambos parece questão de tempo.

O grande coringa é o bilionário Michael Bloomberg, que entrou tarde na corrida e nem sequer participou das quatro rodadas iniciais das primárias. A Super Terça será o primeiro teste real de sua candidatura – e da eficácia dos 500 milhões de dólares que estima-se que ele tenha gastado em publicidade até aqui.

Bloomberg, que entrou na corrida presidencial justamente por não acreditar na viabilidade de Biden, terá de reverter o prejuízo sofrido nos dois debates de que participou – ele foi acusado de políticas racistas quando era prefeito de Nova York e de comentários sexistas em suas empresas.

No começo do ano, Bloomberg – dono de uma fortuna pessoal de 69 bilhões de dólares – afirmou estar disposto a investir 1 bilhão de dólares de seu próprio bolso caso não saísse vencedor das primárias. E o dinheiro viria a despeito de eventuais diferenças ideológicas com o escolhido do partido.

Entre o esquerdista Sanders e o moderado Biden, porém, há poucas dúvidas de quem ele vá preferir financiar.

Em seu discurso de vitória na noite de ontem, Biden deixou claro o que acredita que estará em jogo para o Partido Democrata nos próximos meses. “Os americanos não querem a promessa da revolução, eles querem resultados”, afirmou o ex-vice, sem citar Sanders pelo nome, mas fazendo uma referência clara ao rival.

Biden também disse que aperfeiçoar o Obamacare é mais importante do que virar de cabeça para baixo o sistema de saúde americano – uma das promessas centrais de Sanders. “Temos a opção de conquistar uma grande vitória ou sofrer uma grande derrota” nas eleições gerais, afirmou.

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Sérgio Teixeira Jr.

Jornalista colaborador do InfoMoney, radicado em Nova York