Vitória de Dilma é a mais provável – e não será catastrófica -, diz consultoria

Para os analistas da Maplecroft, será difícil Dilma perder o apoio nas três semanas; petista será mais pragmática em eventual segundo mandato

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O candidato Aécio Neves (PSDB) pode até ter ganhado espaço com uma votação surpreendente no Brasil – mas, para a consultoria britânica Maplecroft Global Risk Analytics, a vitória de Dilma ainda é o resultado mais provável.

Para os analistas da consultoria, será difícil Dilma perder o apoio nas três semanas que restam até o segundo turno, que acontece dia 26 de outubro, conforme destacado em relatório. 

“As respostas do mercado com o resultado do dia 5 de outubro sugerem que os investidores veem a derrota de Dilma frente Aécio como uma possibilidade crescente. No entanto, Dilma continua forte”, afirma.

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Aécio ainda pode vencer se conseguir atrair todos os votos da terceira colocada, Marina Silva (PSB), que obteve 21% dos votos, mas ele terá dificuldades para convencer todos os partidários da candidata a votarem nele, afirma. 

“Boa parte dos partidários de Marina parece já ter ido para Aécio nas duas semanas que antecederam a eleição. O apoio de Marina também inclui numerosos eleitores de centro-esquerda que tinham usado anteriormente seu voto para protestar contra a corrupção do PT. Mas, agora, eles estariam mais alinhados a votar em Dilma por conta do seu programa de governo em relação à agenda programática defendida por Aécio”, afirma a consultoria.

Além disso, o apoio de Dilma também se mostrou em grande parte imune à publicidade negativa em 2014, reduzindo a probabilidade de que haverá qualquer colapso no apoio a ela durante as três semanas restantes antes da votação de segundo turno. A Copa do Mundo, que sofreu alguns percalços mas foi bem realizada, teve pouco impacto para a aprovação de Dilma, assim como os escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras.

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Reeleição será tão catastrófica?
Para a consultoria, apesar das reações abruptas do mercado nas últimas semanas, uma reeleição de Dilma no radar não seria tão catastrófica para os mercados. 

A sinalização de que o ministro da fazenda, Guido Mantega, sairá em eum eventual mandato, indica que a mudança na política econômica é possível.

“É improvável que Dilma ganhando haja resultados desastrosos para o setor privado a médio prazo. É verdade, há poucas perspectivas neste cenário de amplas reformas microeconômicas para melhorar a capacidade de realizar negócios no País, que continua a ser um dos piores do mundo. Há espaço, no entanto, para cortes significativos de gastos, um relaxamento dos controles sobre a taxa de câmbio, e maiores incentivos ao investimento direto estrangeiro. A reforma tributária, prometida, mas nunca entregue por Dilma, também pode ressurgir como uma possibilidade”. 

Vários fatores sugerem uma mudança no sentido de maior pragmatismo, aponta a Maplecroft. Em primeiro lugar, Dilma tem que enfrentar um segundo turno com uma candidatura mais forte, a de Aécio Neves. Isso significa que ela estará sob maior pressão política para fazer mais concessões em outubro às demandas do setor privado frente mudanças pró-mercado na política econômica e de negócios. 

Além disso, o rumo negativo dos fundamentos macroeconômicos do Brasil indicam que os ajustes políticos em um segundo mandato de Dilma seriam uma questão de urgência política e fiscal. 

Já em termos políticos, apesar da baixa taxa de desemprego, a combinação entre inflação alta e crescimento baixo pode ser uma ameaça política crescente para Dilma. 

“A classe média que emergiu no Brasil está em uma posição econômica extremamente frágil e, num contexto de aumento dos preços, está vendo seus padrões de vida se deteriorar. Sem retomada do crescimento econômico, o potencial para uma reprise dos grandes protestos que ocorreram em meados de 2013 reclamando do custo de vida, corrupção e dos gastos do governo em eventos esportivos podem, portanto, aumentar”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.