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SÃO PAULO – Em uma longa reportagem, o jornal britânico Financial Times destacou a situação difícil do Rio de Janeiro um ano após a Olimpíada, com a cidade enfrentando uma escalada da violência, além de uma crise econômica e moral e, para completar, escândalos de corrupção. Para a reportagem, a violência no Rio de Janeiro expõe a chance perdida do Brasil em construir políticas públicas sólidas durante o momento de “euforia”.
Para ilustrar a escalada da violência, o FT destaca a história de Ivan da Silva Martins, que participou das filmagens do longa-metragem “Cidade de Deus”, em 2002. Suspeito de matar um policial, ele se entregou nesta semana à polícia. “A vida de Martins imitou a arte mais brutal”, apontou a publicação, destacando que o PM assassinado foi a última vítima de uma nova onda de violência que arrasou o Rio e forçou o governo federal a enviar cerca de 10 mil agentes das forças federais para proteger as ruas e praias – exatamente um ano após a cidade hospedar as primeiras Olimpíadas da América do Sul.
“Em uma cidade cercada por uma beleza natural surpreendente, a Olimpíada de 2016 foi projetada para mostrar as conquistas do Brasil. No entanto, a realidade pós-jogos tem sido contrária. Afetado pela corrupção, por uma economia em queda e por uma onda de crimes violentos, o Rio de Janeiro tornou-se o símbolo mais marcante de tudo o que está acontecendo com o maior país da América Latina”, ressalta a reportagem.
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O FT lembra que após anos de economia em alta, o Brasil está sofrendo a sua pior recessão na história, enquanto o escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava Jato – mas que não se restringe só a ela – implicou uma grande parte da elite política do País, incluindo o presidente Michel Temer. Enquanto isso, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, já foi preso como resultado das investigações do escândalo, que ameaça as carreiras de dezenas de outros políticos.
O jornal aponta que a crise econômica do país devastou os orçamentos governamentais, em especial o do Rio, fazendo com que o governo estadual fosse obrigado a declarar um estado de calamidade financeira no ano passado. “Enquanto isso, a paralisia política causada pelos escândalos de corrupção criou um vácuo que as gangues criminosas do Brasil estão tentando rapidamente preencher”. E isso tem consequências políticas, destaca o FT, ressaltando que a alta da violência aumenta as demandas da população por lei e ordem. Isso abre o caminho nas eleições do próximo ano para candidatos populistas e de direita que já têm alguma força no Rio, avalia o jornal.
Para a cidade, aponta o FT, a ressaca das Olimpíadas começou imediatamente após o enorme programa de segurança organizado para os Jogos ser retirado. Logo depois, os tiroteios aumentaram, Cabral foi acusado de corrupção e preso e o estado se viu praticamente falido, sem dinheiro para saúde, educação e especialmente, segurança.
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Segundo a publicação, os níveis de violência das “gangues”, por enquanto, permanecem bem abaixo do pico do início da década de 1990, mas a sucessão de crises deixou a cidade lamentando a oportunidade desperdiçada da última década, sem que tivesse ocorrido a formulação de políticas públicas sólidas.
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