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SÃO PAULO – Em coluna para o Financial Times chamada “Free Lunch”, Martin Sandbu destaca o cenário bastante complicado para a economia brasileira em meio à divulgação dos dados do PIB, que mostrou uma contração de 4,5% na economia na base de comparação anual.
A coluna, chamada “A música para no Brasil”, ressalta que os últimos números não são nada menos do que horrendos; porém, podem ser ainda pior do que parecem, uma vez que eles não dão o sentido adequado à velocidade da contração.
“Para contemplar plenamente o horror, note que, no terceiro trimestre em comparação ao segundo, o PIB caiu 1,7%, o que equivale a um ritmo anualizado de cerca de 8%, e este é o segundo trimestre consecutivo a economia está encolhendo tão rapidamente. Isso faz com que a estimativa comum de uma queda de 3,5% em 2015 seja otimista”, afirmou.
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“Que diabos aconteceu? Uma tempestade perfeita”, afirmou, destacando o fim de uma bolha de crédito de consumo, um duplo choque de preços de commodities e capital saindo dos países emergentes e um choque para a confiança em meio à deflagração do escândalo de corrupção cada vez mais profundo. A nova classe média está sob pressão, atingindo a demanda de consumo e investimento, que cai por nove trimestres consecutivos.
A coluna destaca que isso acontece depois de um longo boom que foi acompanhado pela incapacidade de reformar a gestão econômica para torná-la mais resiliente. “No seu conjunto, seria injusto acusar o governo de má gestão fiscal a longo prazo: ele registrou superávits primários por uma década e a dívida pública não é enorme. Mas em 2014 – um ano eleitoral – a situação piorou. Mesmo assim, a economia desacelerou, sugerindo que os gastos públicos pré-eleição apenas adiaram o colapso”.
“Porém, como resultado, o governo encontra-se imitando erros da zona do euro de 2011, fazendo aperto da política monetária e fiscal em face da fraca demanda privada”. Para ele, o aperto também pode ter efeito negativo.
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“Aparentemente, os políticos brasileiros têm a esperança de que a forte desvalorização do real desde 2013 ajuda. Até agora, as importações caíram, mas não há nenhum sinal de um boom de exportação. E também pode ser sábio olhar para a lição da Europa: a venda de seus produtos mais baratos pode não ser a forma ideal para se livrar dos problemas”.
De mal a pior
Em outra matéria chamada, em tradução livre, “Perspectiva para Dilma vai de mal a pior”, o Financial Times ressaltou também o resultado do PIB do terceiro trimestre, que fez com que diversos economistas revisassem suas previsões para uma contração ainda mais profunda da atividade este ano.
Com isso, o Brasil corre o risco de não apenas sofrendo sua pior recessão desde a década de 1930, mas de entrar em uma depressão pura e simples, dizem os analistas.
A reportagem ressalta, contudo, que os problemas do país vão além do PIB: a crescente pressão sobre a presidente Dilma Rousseff e a investigação de corrupção na Petrobras, envolvendo alguns dos políticos e empresários mais poderosos do país, tumultuaram a economia e estrutura do Brasil.
Desta forma, os valores do PIB devem complicar as tentativas de Dilma em salvar a economia através de um programa de austeridade fiscal criado para fortalecer as finanças públicas.
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