Vendo crise “gravíssima”, Lula busca blindar Dilma contra impeachment

Um dia depois da reunião entre Dilma e Lula, jornais trazem diferentes versões sobre como o ex-presidente se portará; ele não quer saída de Levy, mas deve sugerir Meirelles caso ministro saia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Um dia depois da reunião entre a presidente Dilma Rousseff e seu antecessor e padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva, os jornais trazem diferentes versões de como o ex-presidente deverá se portar sobre o programa de ajuste do governo atual. 

Conforme informa a Folha de S. Paulo, Lula apoiará as medidas fiscais para blindar a petista e evitar a abertura de um processo de impeachment contra ela. A avaliação do grupo lulista é de que a crise atingiu um ponto preocupante e que qualquer novo erro do governo pode dar o empurrão que falta para a deflagração do início do processo de impeachment. 

Internamente, Lula não concorda com todas as medidas anunciadas, mas tem dito que irá para a rua em favor da iniciativa de Dilma para retomar a economia. Ele também defenderá a recriação da CPMF, pois não vê alternativa a não ser dar sustentação para a presidente para evitar que ela perca as condições de governar. 

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Por outro lado, informa o Valor Econômico que Lula não quer a saída de Levy, mas não vai ajudar Dilma no ajuste fiscal porque não quer perder a base social do PT. Conforme destaca o jornal, Lula decidiu criticar abertamente a política econômica por duas razões: a própria presidente Dilma Rousseff não mostra convicção em relação às medidas do ajuste fiscal e a chamada base social do PT é contrária ao arrocho nas contas públicas. “Lula está se posicionando, garantindo a base social e o PT”, revelou um interlocutor ao jornal. 

Por outro lado, caso Levy saia da Fazenda, a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, informa que Lula pode sugerir Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, para o cargo. “O ex-presidente, segundo interlocutores, segue defendendo que Meirelles faria um ajuste mais rápido e gradual do que o agora tentado. Uma das razões é que ele teria maior intimidade com o mercado financeiro até mesmo do que Levy, ganhando fôlego para driblar a crise”, informa a colunista. 

Outra sugestão de Lula para Dilma é que ela privilegie aliados na reforma de Estado, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. Lula teria pedido à presidente que faça uma reforma ministerial mais ampla para garantir sustentação política no Congresso e evitar o processo de impeachment. Lula disse que Dilma precisa aumentar o espaço dos aliados fieis e diminuir os cargos dos “traidores” e que é necessário colocar quem ajuda o governo no Congresso a aprovar o pacote fiscal o quanto antes.

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 Depois do encontro com Dilma, Lula jantou com ministros do PT e avaliou a situação como gravíssima, diz jornal, avaliando que uma derrota da presidente no Congresso pode ser fatal. E reforçou que não renovará as críticas à equipe econômica nem atacará as medidas em público.

Para Lula, Dilma precisa dar uma “chacoalhada” no governo e mudar a articulação política, além de ser reaproximar do vice Michel Temer. O nome mais cotado para substituir Aloizio Mercadante na Casa Civil seria o de Jaques Wagner, ministro da Defesa, na opinião do ex-presidente. 

Vale ressaltar que, ontem, o irmão mais velho do ex-presidente afirmou que Lula está triste  com a crise do País e que o PT está encurralado. Na avaliação do irmão de Lula, o PT não tem conseguido responder aos ataques dos quais tem sido alvo. “Estão fazendo críticas absurdas, e o partido não sabe como sair”. De acordo com o irmão de Lula, o ex-presidente está angustiado com a situação. “Lula está triste. Estamos encurralados. Precisamos sair da situação.” 

Ele concedeu as falas após uma reunião no sindicato dos aposentados, enquanto almoçava num bar ao lado da sede nacional do PT. Ao ser perguntado sobre os erros do governo federal, ele afirmou: “Não podemos sacrificar Dilma. É o que temos”. Para Frei Chico, antigo militante do PCB e responsável por levar Lula para o movimento sindical, o PT deveria começar a sua reação nos bairros da periferia, com panfletos relembrando as conquistas dos governos do partido.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.