“Venda Brasil” e queda lenta de Dilma: 8 análises de mercado sobre Lula ministro

Em geral, a expectativa é que Lula irá causar alterações não só em outros ministérios, mas também gerar mudanças nas políticas do atual governo, incluindo a economia

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de, no fim do dia, a reação do mercado ter sido positiva, especialistas mostraram desânimo com a chegada de Lula à Casa Civil. Apesar das muitas dúvidas levantadas nesta quarta-feira (16), uma coisa parece certa para os analistas: daqui para frente veremos muitas mudanças.

Em geral, a expectativa é que Lula irá causar alterações não só em outros ministérios – algo que está sendo especulado pela imprensa -, mas deve também gerar mudanças nas políticas do atual governo, incluindo a economia.

Veja abaixo o que os especialistas acharam da entrada de Lula no governo:

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Natixis
Dilma demonstra com Lula capacidade de cair lentamente. A escolha de Lula como ministro é a pior notícia que se pode ter, disse Juan Carlos Rodado, diretor de pesquisa da América Latina do Natixis América do Norte, à Bloomberg. Para ele, “Dilma está demonstrando sua capacidade de morrer lentamente ao escolher Lula. Está comprando tempo”.

“Do lado macroeconômico, pode-se esperar políticas heterodoxas típicas. Mais distorções e gastos em infraestrutura”, afirmou Rodado. “No momento, há ruído em relação ao potencial uso das reservas internacionais […] Se governo considerar uso de um terço das reservas, abre- se a porta para ataques especulativos. Não acho isso o sábio a ser feito”, completou.

Spiro
Parece que preço para permanência de Dilma é guinada. A possibilidade de guinada à esquerda coloca o Banco Central sob “enorme pressão”, disse Nicholas Spiro, sócio da Lauressa Advisory. “Trazer o Lula de volta ao governo pode muito bem ser o golpe mortal para o PT”, completou.

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Eurasia
Esforços de Lula vão falhar e as investigações da Lava Jato e os protestos resultantes vão acabar por levar à derrubada de Dilma, disse a consultoria Eurasia em relatório. “Decisão da presidente de nomear Lula ministro não é sinal de um movimento em direção à política expansionista”, afirma o documento. “Ao contrário, Lula deve tentar orquestrar uma grande barganha com o PMDB que distancie o governo de uma política macroeconômica populista”.

Quantitas
Única certeza com Lula é que haverá mudança. “O fato para mim é que as coisas vão mudar. E, na minha cabeça, para pior”, disse Eduardo Longo, gestor de renda fixa na Quantitas.

BBH
“Eu permaneci muito negativo em relação ao real, mesmo durante a recuperação recente. Mas a situação ficou ainda pior”, afirmou Win Thin, estrategista de Emergentes em Nova York da Brown Brothers Harriman. “Não há mudança positiva com a chegada de Lula ao governo”, destacou. “Venda Brasil. Ponto final”.

Arko
“A nomeação do ex-presidente Lula para o Ministério da Casa Civil é um movimento arriscado que dá a exata dimensão do desespero e da enrascada em que o governo se encontra. Ao nomeá-lo, a presidente Dilma Rousseff está praticamente abdicando de governar”, disse a consultoria Arko em relatório.

“Lula tentará retomar o diálogo com a base aliada e defenderá mudanças na política econômica. Cabe à Casa Civil a coordenação de todos os programas estratégicos e as nomeações de primeiro e segundo escalões. O primeiro grande desafio de Lula, que também será responsável pela articulação política, é evitar que o PMDB desembarque do governo”, afirma.

Treviso
Mercado já vinha precificando escolha de Lula ministro, mas é mais um tiro por parte do governo, disse Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora de Cambio. “Parece ser uma grande manobra para fugir da Lava Jato ao mesmo tempo em que quer dar uma guinada na política econômica”, continuou.

“Mercado tem visto muitos erros por parte do governo até agora. E eles deixaram claros que querem usar as reservas, que querem começar a tocá-las. Isso é pavoroso para o mercado”, afirmou.

“Demoramos muito tempo para conseguir acumulá-las e são importantes para dar um grau mínimo de segurança para os investidores, um colchão de garantia de que não haverá uma ruptura de taxa sem antes que o BC possa intervir e controlar o mercado”, disse.

“Se eles começarem a mexer nas reservas, vão dilapidar essa proteção, não vai resolver os problemas do país e haveria uma deterioração grande dos fundamentos”, explica Galhardo. “Podemos ver o dólar voltando para o patamar em que estávamos, perto de R$ 4 e daí para frente”, completa.

Moody’s
A agência de classificação de risco Moody’s disse que a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como novo ministro do governo da presidente Dilma Rousseff indica uma mudança na prioridade do governo na direção da conveniência política em detrimento do ajuste fiscal.

“A mudança ministerial aponta para uma mudança nas prioridades do governo no sentido da conveniência política à custa de prosseguir com a consolidação fiscal”, disse a analista da Moody’s Samar Maziad em comentário enviado à Reuters.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.