“Vão ser três anos de pancadaria; pode ficar certo de que vou sobreviver”, diz Lula

Lula afirmou que o partido está vivendo o maior "bombardeio" da história do País e que é "atacado 24 horas por dia” e admite que Dilma mudou discurso e que precisa governar de fato

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está no foco após as investigações da Operação Zelotes chegarem a seu filho Luís Cláudio, afirmou em discurso no encontro do Diretório Nacional do PT que sobreviverá a “pancadaria”.

“Não queria que ficassem preocupados com esse problema. Ninguém precisa ficar com pena, porque se tem uma coisa que aprendi na vida é enfrentar a adversidade. Se o objetivo é truncar qualquer perspectiva de futuro, então vão ser três anos de muita pancadaria e, pode ficar certo, eu vou sobreviver”, afirmou.

Lula afirmou que o partido está vivendo o maior “bombardeio” da história do País e que é “atacado 24 horas por dia”. Lula chegou a dizer que está apanhando tanto que, se houvesse “pelourinho”, não teria mais pele nas costas.

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Erro de política
“Quero compartilhar com vocês o que estou vendo. A primeira coisa que acho que temos que fazer é uma aferição correta sobre a conjuntura política. Certamente nós não vivemos o nosso melhor momento. Nós vivemos um momento de um acirrado bombardeio contra o PT e os petistas”. 

Segundo o ex-presidente, a atual crise também ocorreu por conta da mudança de discurso do governo Dilma Rousseff em comparação com as promessas da campanha eleitoral do ano passado.

“Tivemos um grande problema político, sobretudo na nossa base, quando tomamos atitude de fazer o ajuste que era necessário fazer. Ganhamos as eleições com um discurso e, depois, tivemos que mudar o discurso e fazer o que dizíamos que não íamos fazer. Isso é fato conhecido pela nossa querida presidente Dilma Rousseff.” Lula afirmou que é preciso recuperar a potência que Dilma já teve e garantir tranquilidade para que ela trabalhe. 

“Se a gente quiser começar a governar esse país de fato, é criar condições para aprovar as medidas que a presidente Dilma mandou para o Congresso, para que ela encerre essa ideia do ajuste”, afirmou. Ele afirmou que houve erros na avaliação do governo sobre a situação da economia do Brasil e defendeu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

“Chegamos a essa situação em parte porque a tal da crise econômica internacional foi maior do que a gente calculava. Em parte é porque demos em 2014 muito subsídio e desoneração, arrecadando menos do que a gente gasta. E temos que dar um jeito nisso.”

O ex-presidente ainda criticou quem pede a saída de Levy do cargo. “Tem companheiro que fala ‘fora Levy’ com a mesma facilidade com que falávamos ‘fora FMI’. Não é a mesma coisa. O programa de ajuste estava feito antes do Levy”.

Ajuste e impeachment
Lula ainda afirmou que a “prioridade zero” deve ser a realização do ajuste fiscal. Além disso, não pode se permitir que se discuta o impeachment sem que haja “base legal”. 

 “O tempo do governo é um tempo que urge, precisamos garantir que a companheira Dilma tenha tranquilidade pra trabalhar e governar o país. Não podemos passar mais seis meses discutindo ajuste e CPMF, temos que começar a votar amanhã”.

Ele continuou afirmando: “não podemos permitir que discutam o impeachment sem base legal, se a moda pega, qualquer um que perde a eleição entra com pedido de impeachment”.

Lula criticou novamente o partido e pediu reação: “nós estamos fazendo exatamente aquilo que a oposição quer que a gente faça: não governar”.

Para o ex-presidente, o Brasil precisa voltar a crescer, e há duas formas para isso: “uma é aumentar imposto. E é mais difícil de acontecer quando a gente está fragilizado na política”. Ele continuou e defendeu que o País adote uma política mais agressiva de expansão de crédito: “um País com 204 milhões de habitantes tem que ter em conta que seu potencial de consumo é extraordinário”. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.