“Tudo sugere” conspiração contra Temer e gravação de Joesley pode ser anulada, diz Gilmar Mendes

Na avaliação do ministro do STF, se ficar comprovada ação controlada sem autorização judicial, o material pode ser anulado "com certeza" e ficaria evidente "o quadro de sanha, de abuso"

Marcos Mortari

O ministro do STF, Gilmar Mendes (Divulgação)

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SÃO PAULO – Voto decisivo para a manutenção do presidente Michel Temer no cargo em ação que julgava a cassação da chapa eleita em 2014, o ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes ampliou as críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e disse que “tudo sugere” que o peemedebista tem razão ao ver conspiração no episódio da JBS. Em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar pelo SBT, o magistrado chamou atenção para a inclusão de áudio não periciado em inquérito contra o presidente e questionou se houve “ação controlada” na gravação do diálogo entre Temer e o empresário Joesley Batista.

“Tudo sugere. Eu já vi jornais dizendo que esta ação foi uma ação controlada. Portanto, não foi uma fita que depois foi levada ao Ministério Público, mas a fita foi preparada antes, em combinação com o Ministério Público”, observou Gilmar Mendes. “Isso precisa ser esclarecido, porque, se de fato houve, houve uma ação controlada sem autorização judicial. E o relator [no STF, o ministro Edson Fachin] ficou exposto nessa situação”, complementou.

Na avaliação do ministro do STF, se ficar comprovada ação controlada sem autorização judicial, o material pode ser anulado “com certeza” e ficaria evidente “o quadro de sanha, de abuso”. Em sua linha de ataques à atuação do Ministério Público e juízes, Gilmar disse que magistrados “passaram a ser caixa de ressonância do Ministério Público” e disse que relator no Supremo “não é sócio do MP” nem pode ser “boca de ventríloquo”. O ministro vê “com muita desconfiança os vazamentos que se fazem, as manifestações quase que religiosas de alguns tipos do Ministério Público”.

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Também merece destaque o pedido de investigação feito pelo ministro sobre a saída do procurador da República Marcelo Miller do cargo e sua ida para advogar em favor da JBS em acordo de leniência. “O Ministério Público, que adota critérios muito rigorosos em relação a todas as pessoas, lança suspeita sobre todos, por que não está cuidando desse caso? O comentário no mercado de Brasília é de que esse procurador saiu com um contrato de luva milionário em dólares. Alguns colegas da Controladoria falam até em corrupção nesse caso”, afirmou.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.