Trump vs mundo: como o magnata passou de “piada” para preferido dos americanos?

Cada vez mais próximo de vencer as primárias republicanas, especialistas tentam entender como Trump, com seu discurso polêmico, consegue atrair tantos votos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Há 15 anos, o desenho animado Os Simpsons, em uma de suas brincadeiras, fazia piada com um futuro onde magnata do ramo imobiliário Donald Trump se tornava presidente dos Estados Unidos. A previsão ainda não se tornou realidade, mas já não é mais uma ideia tão absurda. Desde o anúncio de sua candidatura, em junho de 2015, o ex-apresentador do programa “O Aprendiz” foi tratado como piada, principalmente pela mídia americana. Mas mesmo assim, sempre foi o favorito para vencer entre os republicanos.

Ainda antes do início das primárias, o magnata do ramo imobiliário já ganhava força nas principais pesquisas eleitorais, mas isso não mudou a imagem dele, que a cada nova declaração perdia o respeito de diversos setores e eleitores, como ficou marcado com a proposta de construir um muro na fronteira do México para bloquear a entrada de imigrantes.

Mas não é só com a imprensa que Trump não se dá bem. O candidato não tem apoio nem dentro de seu próprio partido e figuras conhecidas da política americana já mostraram oposição à sua candidatura, caso de Mitt Romney. Para piorar, o mercado financeiro também não gosta dele e até mesmo o atual presidente Barack Obama já declarou que não quer que Trump vença.

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Mas a pior pressão tem vindo da mídia especializada, que trata o republicano de forma debochada e diversos veículos já expressaram publicamente sua repudia ao magnata. No ano passado, o “The Huffington Post” decidiu retirar Trump da seção de política e incluí-lo na seção de entretenimento, por considerar que sua campanha à Casa Branca “é um espetáculo”. Desde então, o diário cobre a campanha do candidato na seção de entretenimento.

Mais recentemente, a “The Economist” publicou um editorial afirmando que “é hora de cortar as asas do fanfarrão”. “Trump chegou onde chegou incitando ao ódio e à violência. É alguém tão imprevisível que vê-lo se aproximando da cadeira presidencial constitui, por si só, uma experiência aterradora. É preciso interromper seu avanço”, diz o texto.

Como a piada virou coisa séria
A grande questão que está deixando os especialistas intrigados é como uma pessoa tão polêmica e com opiniões que desagradam tantos grupos poderia liderar as pesquisas e já estar próximo de ser o candidato republicano nas eleições. A resposta tem se mostrado em uma tendência que já está sendo verificada até no Brasil: os eleitores não querem mais políticos no poder.

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Assim como muitos tem tentado entender o ganho de popularidade de Jair Bolsonaro por aqui, nos EUA o que se tem visto são pessoas declarando que querem uma figura diferente na Casa Branca. O eleitorado quer romper com o sistema e tentar uma mudança radical do cenário político.

Entrevistados pela CNN afirmaram que a popularidade do empresário está ligada a sua personalidade forte. Perguntados sobre por que são a favor de Trump, eleitores de diversas origens apresentam os mesmos argumentos, dizendo que ele é corajoso, que admiram sua franqueza e gostam do fato de ele não ser politicamente correto. Para muitos republicanos, suas declarações mais ofensivas confirmam o fato de Trump ser um político singular e que está disposto a contestar as convenções.

Porém, a ascensão de Trump pode não ser sustentável. Ainda durante as primárias, o magnata pode começar a perder força para outros candidatos – agora o mais forte se mostra ser Ted Cruz. Apesar de vencer a “Super Terça”, Trump perdeu em 4 estados para Cruz e registrou vitórias apertadas em outros locais importantes, o que indica uma limitação em seus ganhos.

Além disso, mesmo que consiga sua candidatura pelos republicanos, Trump terá de lutar contra a opinião dentro do próprio partido, o que pode dificultar sua corrida pela Casa Branca, já que para vencer Hillary Clinton (provável vencedora entre os democratas), o magnata vai precisar recuperar os votos de adversários, o que parece muito improvável. Com um perfil muito complexo e de difícil avaliação, resta saber se Donald Trump irá se manter polêmico ou mudará sua postura para tentar se tornar presidente.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.