“Tropa de choque”, Meirelles e Ilan saem em defesa da agenda Temer após contestações

Ministro da Fazenda concedeu entrevista ao Valor e destacou que o governo não está fazendo concessões demais na PEC do gasto; presidente do BC afirmou que há um processo de maior ordem das contas públicas

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em meio às contestações recentes sobre as concessões que Michel Temer estaria fazendo (evidenciada pela proposta de renegociação da dívida do estado), os principais nomes da equipe econômica correram para tratar sobre a visão do governo. 

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ao jornal Valor Econômico que, na sua concepção, o governo não está fazendo concessões demais na PEC do gasto e que o aumento salarial do funcionalismo não compromete o ajuste. Ele destacou que o teto para o crescimento dos gastos totais do setor público faz parte dos contratos de refinanciamento das dívidas dos Estados com a União. 

Desta forma, este dispositivo não depende da aprovação da PEC e haverá penalidades aos Estados que não cumprirem esta exigência contratual. Outra contrapartida que consta neste contrato é a proibição de aumento da folha salarial dos estados nos próximos dois anos. Alguns secretários da Fazenda, como o de São Paulo, Alagoas e Goiás afirmaram que sem a aprovação da PEC do limite de gastos para todos os poderes ficará difícil sua aplicação.

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Além disso, o ministro da Fazenda garantiu que se a economia crescer 2% em 2017 não haverá necessidade de aumento de impostos. Também se faz necessária a interrupção do movimento de queda da receita como proporção do PIB. 

Já o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, concedeu a sua primeira entrevista para o Estadão após a divulgação da ata do Copom de julho. Ele comentou que continua o movimento sistemático de redução das expectativas de inflação tanto do mercado, como dos modelos de projeção do BC e considerou que o processo apresenta uma velocidade abaixo da desejada. 

Conforme ressalta a LCA Consultores, Ilan não explicitou qual é a sua visão sobre o balanço de riscos em torno de seu cenário básico. Já quanto à política fiscal, o presidente do BC afirmou que o Copom avaliará se houve avanço ou não na percepção fiscal do país. Ele também afirmou que tem discutido com o ministro Meirelles sobre os efeitos na inflação de eventuais aumentos de impostos.

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“Ilan Goldfajn não repetiu a sinalização do Copom de não há espaço para a flexibilização da política monetária. Entretanto, pela sua análise a respeito do seu cenário e de seus riscos, são elevadas as chances de a taxa Selic seguir estável na próxima reunião do Copom em agosto”, afirma a LCA.

Ele também defendeu a atual redução do estoque de swap cambial por considerar que tanto o cenário externo, como o doméstico apresentam elevadas incertezas e complexidade. Assim, segundo uma política cautelosa, faz sentido reduzir este passivo cambial do Banco Central de uma forma que não impeça a livre flutuação da taxa cambial. Ao responder sobre eventuais críticas de que a redução dos swaps ocorre quando a cotação traz algum tipo de ganho, Ilan destacou: “o câmbio não é um instrumento de desinflação. Nós estamos num regime de metas de inflação, e não de câmbio fixo. Portanto, nossa âncora é a meta de inflação, a taxa de juros, e não o câmbio”.

Ilan Goldfajn foi enfático, afirma a LCA, em defender a flutuação da taxa cambial e não se mostrou preocupado com efeitos negativos de um real forte para a atividade econômica.

Ele também disse que em qualquer país “há avanços e retrocessos” na política fiscal. No entanto, ele afirma que as contas públicas estão sendo colocadas em ordem, e que as reformas estão tendo um avanço, o que também é importante para o Banco Central, porque isso afeta a percepção sobre o economia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.