Troca no comando da Vale é mais uma mudança para pior no País, diz ex-ministro

Para Maílson da Nóbrega, intervenção estatal em empresas privadas é "lamentável" e abre precedente perigoso

Tainara Machado

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SÃO PAULO – Para Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria e ex-ministro da Fazenda, o processo de substituição de Roger Agnelli no comando da Vale (VALE3, VALE5) foi uma “comédia de erros” e mais uma demonstração das mudanças para pior que estão ocorrendo no País.

Nóbrega, como muitos outros participantes do mercado, não critica a alteração em si, mas sim como ela foi conduzida. A decisão de substituir o presidente de uma empresa deve caber aos próprios acionistas e, na Vale, o governo tem apenas uma participação minoritária, o que não lhe dá esta competência. 

Ainda assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, assumiu posição ”ostensiva” no processo, enfatizou Nóbrega durante seminário promovido pela Tendências nesta quinta-feira (14), usando os fundos de pensão de funcionários públicos como se fossem do governo, quando na verdade estas são entidades públicas.

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Precedente perigoso
A intromissão política na gestão de uma empresa privada também abre um precedente perigoso, alerta o sócio da Tendências, porque a ingerência política poderia estender-se a outras empresas e setores, como a CSN (CSNA3) e telecomunicação.

Por último, o ex-ministro da Fazenda criticou duramente a declaração do atual ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, de que a Vale deveria contribuir mais com o País. ”É um absurdo. A Vale é boa em extração de minério de ferro, e há excesso de capacidade de produção de aço no Brasil”, disse, referindo-se à percepção de que o governo gostaria que a mineradora focasse investimentos em produtos de maior valor agregado. ”É lamentável e preocupante”.

Nóbrega espera que esse episódio não se repita e que o novo presidente da mineradora, Murilo Ferreira, consiga a resistir a pressão para manter a atual estratégia bem-sucedida da Vale.

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No entanto, outras atitudes do governo, como a intenção de taxar a produção de açúcar para exportação ou a reativação da Telebrás, são vistas com muita cautela por Nóbrega. “É mais uma demonstração das mudanças para pior”, disse.

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