Troca de farpas: Bolsonaro ironiza comentário de Marçal, que é criticado por Eduardo

Pablo Marçal foi alvo de críticas e ironias do núcleo bolsonarista nas últimas horas, em meio à sua tentativa de angariar apoio do eleitorado mais conservador, enfraquecendo a candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB)

Fábio Matos

Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Foto: Reprodução/X)
Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Foto: Reprodução/X)

Publicidade

O candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), Pablo Marçal, que está em ascensão nas pesquisas, foi alvo de críticas e ironias do núcleo bolsonarista nas últimas horas, em meio à sua tentativa de angariar apoio do eleitorado mais conservador, enfraquecendo a candidatura do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Em um comentário no Instagram, Marçal fez elogios ao ex-presidente da República e recebeu respostas irônicas tanto por parte de Jair Bolsonaro (PL) quanto do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Em uma postagem publicada por Bolsonaro na qual o ex-presidente destacava investimentos de seu governo no setor ferroviário, Marçal escreveu: “Para cima deles, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”.

Continua depois da publicidade

Bolsonaro, então, respondeu ao comentário do candidato do PRTB: “Nós? Um abraço.”

Marçal partiu, então, para a réplica, rebatendo o comentário de Bolsonaro. “Isso mesmo, presidente. Coloquei 100 mil na sua campanha, te ajudei com os influenciadores, te ajudei no digital, fiz você gravar mais de 800 vídeos. Por te ajudar, entrei para a lista de investigados da PF. Se não existe o nós, seja mais claro”, escreveu o candidato a prefeito de São Paulo. 

“Todos os nossos desentendimentos foram justamente porque fui candidato a presidente, e nós dois já resolvemos durante a eleição […] E Se quiser me excluir do nós, te peço humildemente que devolva os 100 mil que investi na sua campanha, porque a minha candidatura em São Paulo não tem dinheiro público. Agora, se o senhor não contribuir com a minha campanha, considere o nós como realidade”, completou Marçal.

Continua depois da publicidade

Em outro comentário, Eduardo Bolsonaro entrou na discussão. “Estranho. Em 2022, você [Marçal] disse que a diferença entre Lula e Bolsonaro é que um deles tinha um dedo a menos. Só acordou agora? Está parecendo até o Mourão”, escreveu o deputado.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) responde a comentário de Pablo Marçal (PRTB) no Instagram (Foto: Reprodução/Instagram)

Marçal e Eduardo trocam farpas nas redes

Também no Instagram, Pablo Marçal publicou uma foto sua, ao lado de Eduardo Bolsonaro, e chamou o parlamentar de “irmão”.

“Irmão, parabéns por dedicar a sua vida na luta contra os comunistas @bolsonarosp. Aqui em São Paulo, deixa que tiro essa cambada do PT, PMDB, PSOL, PSB, PSDB e outros ordinários. Nunes e Boulos não representam os nossos princípios e valores”, escreveu o candidato do PRTB.

Continua depois da publicidade

“Já que o PL tirou o [Ricardo] Salles, assistam o que nós iremos fazer aqui na capital do futuro. Deixa que eu resolvo aqui. O Valdemar Costa Neto não representa o anseio dos conservadores de São Paulo. Você será o nosso Senador por São Paulo. Para cima, irmão”, completou Marçal.

Também por meio das redes sociais, Eduardo Bolsonaro gravou um vídeo com críticas a Pablo Marçal. O deputado relembrou uma passagem com o empresário, em que o hoje candidato do PRTB teria dado uma entrevista a Eduardo, no YouTube, e imposto “a condição de não falar sobre determinado assunto”.

“Se você for aplicar o velho ditado de que quem com o ferro fere, com o ferro será ferido, é para todo mundo chamar o Pablo Marçal de arregão. Foi isso que ele falou quando os outros se furtaram a ir no debate com ele”, afirmou Eduardo.

Continua depois da publicidade

O deputado também gravou vídeos em apoio à candidatura do prefeito Ricardo Nunes à reeleição em São Paulo. Ao menos oficialmente, Nunes é apoiado pelo clã Bolsonaro – o ex-presidente inclusive, indicou o candidato a vice na chapa do prefeito, Ricardo Mello Araújo (PL).

“Não vou retroceder”

No início desta semana, Marçal gravou um vídeo nas redes com um recado a Jair Bolsonaro. O empresário afirma que não vai “retroceder” em sua candidatura, mesmo sem o apoio formal do ex-presidente.

“Meu respeito a você [Bolsonaro], mas o povo de São Paulo não vai prestar continência nem para vagabundo de [Guilherme] Boulos nem para o banana do [Ricardo] Nunes, que é um comunista com seu secretariado nojento. Me desculpe”, disse Marçal. “Eu não vou retroceder. Me perdoe. Você sabe o carinho e o respeito que eu tenho pelo senhor”, completou o candidato do PRTB.

Continua depois da publicidade

Crise na campanha de Nunes

Nos últimos dias, a campanha de Ricardo Nunes entrou em alerta após pesquisas internas apontarem que Marçal vem avançando sobre o eleitorado bolsonarista na maior cidade do Brasil, tirando votos de Nunes. Na semana passada, Bolsonaro fez elogios públicos a Marçal e admitiu que Nunes não era o “candidato dos sonhos”, embora tenha reiterado que apoiaria a reeleição do prefeito de São Paulo.

Em vídeo gravado na segunda-feira (19), o ex-presidente da República adotou um tom mais explícito ao declarar e pedir voto em Nunes.

“Nós vamos apoiar Ricardo Nunes para a reeleição. Para que não haja dúvida, o nosso vice é o coronel Mello Araújo, 22. Eu peço, para o bem da cidade, para o bem de todos nós, que reeleja Ricardo Nunes para a prefeitura de São Paulo”, afirma Bolsonaro.

No último sábado (17), Bolsonaro afirmou à CNN Brasil que Marçal havia mentido ao dizer que nunca pediu o apoio do ex-presidente à sua candidatura a prefeito.

“Certas coisas você não precisa experimentar para saber que é um produto estragado. Meu candidato em São Paulo é Ricardo Nunes”, afirmou Bolsonaro.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”