“Triplo T”: Temer, Trump e Theresa May definem o futuro dos mercados na próxima semana

Com julgamento no TSE, eleições parlamentares no Reino Unido e testemunho de ex-diretor do FBI, os três líderes terão uma semana tensa

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Junho começou e com ele um turbilhão de eventos apenas nesta primeira semana. O mercado ficará atento ao futuro não só do presidente Michel Temer, mas também de Donald Trump e da premiê britânica Theresa May, com o depoimento de um ex-diretor do FBI no Senado e eleições parlamentares no Reino Unido.

Além disso, no Brasil, o noticiário político não irá parar de olho na votação das reformas, em especial a trabalhista, marcada para esta semana na comissão do Senado, enquanto novidades sobre a taxa de juros e inflação devem deixar os ativos voláteis na bolsa.

Começa na terça-feira (6) o evento que pode levar o Brasil a ter eleições (diretas ou indiretas) com o julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Cercado por muitas dúvidas do que poderá acontecer, isto promete parar o País e trazer grande apreensão no mercado. Entre as opções, estão o adiamento por pedido de vista, a cassação ou absolvição (seja só de Temer ou dos dois políticos).

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O presidente tem se mostrado otimista e afirmou esta semana para integrantes do PSDB que irá vencer este julgamento. A questão é que, apesar de muitos considerarem a cassação o caminho mais curto para o fim da crise, o processo pode demorar muito mais caso Temer recorra do resultado. O cenário é bastante incerto e seja qual for o resultado, ainda é muito difícil saber como isso irá se refletir no Congresso.

“O desenrolar do processo será analisado com lupa, pois é um dos indicativos do que resta de apoio ao presidente. Caso saia vencedor, ficará minimamente fortalecido; caso perca e o processo comece a se arrastar em incontáveis recursos, pedidos de vista e etc, os riscos aumentam e o mau humor poderá voltar a importunar os mercados”, afirmam os analistas da Rosenberg Associados.

Não bastasse a tensão com este julgamento, está marcado para o mesmo dia na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado a votação  da proposta de reforma trabalhista. O relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) é favorável à aprovação da matéria, sem fazer alterações no texto recebido da Câmara dos deputados, mas recomenda seis vetos ao presidente Michel Temer.

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Depois da votação na CAE, a reforma trabalhista passará por outras duas comissões antes de chegar ao Plenário do Senado: CAS (Assuntos Sociais) e CCJ (Constituição, Justiça e Cidadania). Apesar da expectativa, a data da votação ainda pode ser alterada, ainda mais por conta do julgamento do presidente no TSE.

Risco para Trump
Se estes eventos já não fossem suficiente para agitar o mercado, no exterior ocorre na quinta-feira (8) o depoimento do ex-diretor do FBI, James Comey, no Senado. Ele está no centro das denúncias sobre uma possível intervenção russa nas eleições americanas de 2016 e que tem levado muita gente a pedir o impeachment de Trump.

O presidente destituiu Comey em 9 de maio, algo que muitos vinculam com a investigação que o ex-chefe da agência liderava sobre as relações da Rússia com a campanha do magnata em detrimento da candidata democrata Hillary Clinton.

Recentemente, o jornal “The New York Times” revelou a existência de um memorando que mostra, pela primeira vez, esforços “claros” de Trump para obstruir a investigação que o FBI abriu sobre os supostos vínculos entre sua campanha presidencial e o Kremlin. A expectativa é que Comey complique bastante a situação do presidente.

Segundo Pablo Spyer, diretor da mesa de operações da Mirae Asset, mesmo com o VIX em seu menor nível em quase 30 anos e o mercado nos EUA nas máximas históricas, é possível que eles passem por uma realização de lucros mais agressiva no caso de um revés mais forte de Trump no depoimento. “Os EUA, e o mundo, estarão de olho”, alerta.

O futuro de Theresa May
Na Europa, o futuro da primeira-ministra britânica Theresa May será o destaque com as eleições parlamentares na quinta-feira (8). Ela busca o endosso das urnas ao seu projeto de Brexit, vindo de confortável maioria dos Conservadores obtida nas eleições de 2015 por David Cameron.

As pesquisas de opinião indicavam solidez na conquista da maioria pelos Conservadores até pouco antes do ataque terrorista em Manchester. A partir de então, a administração da crise por May passou ao centro do escrutínio da mídia, com reflexo sobre a diminuição de intenção de votos para seu partido, apesar de ela ainda ter vantagem.

Agenda de indicadores
Enquanto tudo isso acontece, a agenda de indicadores não para. No Brasil, destaque para a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) – na terça-feira às 8h -, que nos últimos dias cortou a Selic em 100 pontos-base e indicou uma redução do ritmo daqui para frente. Segundo a Rosenberg, “a ata deve apenas detalhar as discussões sobre os impactos da incerteza sobre o cenário e as projeções de inflação”.

Já na sexta-feira (9), será apresentado o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de maio. A expectativa da Rosenberg é de uma variação de 0,47%, acima da taxa de 0,14% do mês anterior. No acumulado de 12 meses, a inflação deve passar de 4,1% para 3,8% – menor patamar em quase uma década.

No exterior, a semana terá o PIB da zona do Euro na quarta-feira (7) às 6h, e a decisão do BCE (Banco Central Europeu) no dia seguinte às 8h45. Segundo Spyer, este será o principal evento da Europa e a expectativa é que a autoridade monetária mantenha a taxa de juros locais. Por fim, a China contará com uma bateria de indicadores, entre eles a balança comercial e investimento estrangeiro.

Para conferir a agenda completa da próxima semana, clique aqui.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.