The Economist tenta algo novo e pede para que Dilma mantenha o Mantega no cargo

Entretanto, aponta a publicação, essa é uma nova tentativa para que ele saia do governo, uma vez que, quando sugeriu a mudança, "saída se tornou quase impossível"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em artigo desta semana, a “The Economist” criticou mais uma vez os governos Lula, que esteve no comando do Brasil entre 2003 e 2010, e da atual presidente, Dilma Rousseff. Para a publicação britânica, a fórmula por trás do sucesso do País, que foi instituída a cerca de 20 anos atrás, foi lentamente abandonada.

Em meio ao fracasso econômico vivenciado no mandato de Dilma, a revista faz uma brincadeira com o fato de ter sugerido, em dezembro, que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fosse demitido. “Após a nossa reportagem, foi amplamente divulgado no Brasil que a nossa impertinência tornou a demissão de Mantega impossível. Agora, vamos tentar um novo rumo. Instamos a presidente [Dilma] fique com ele a todo custo: ele é um sucesso”, aponta. Depois da reportagem, Dilma rebateu as críticas e disse que não seria influenciada por uma publicação que não fosse brasileira. 

Segredo do crescimento é simples, mas foi abandonado
A publicação destaca que o segredo do Brasil era simples e foi implementado em maio de 1993, com a nomeação de Fernando Henrique Cardoso como ministro da Fazenda, no governo de Itamar Franco. Contudo, o tripé econômico brasileiro implementado durante o segundo mandato de FHC, através de metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal, está sendo deixado de lado.

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Segundo a The Economist, o Brasil conseguiu, no começo dos anos 1990, lançar-se para um cenário de maior estabilidade, com reformas econômicas mais liberais, sendo reforçada depois com a saída de 30 milhões de brasileiros da pobreza no governo de Lula. 

Contudo, após 2008, em meio à recessão global, Lula e Dilma se distanciaram das políticas liberais e passaram a aumentar o intervencionismo da economia. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deu espaço para aumentar a concessão de empréstimos por bancos estatais e o governo desistiu de reformas mais profundas, sem maiores remorsos. 

Depois, quando o crescimento se transformou em estagnação, as pressões do governo convergiam para que o Banco Central diminuísse a Selic. Assim, quando a inflação se aproximava do topo de sua meta, Dilma afirmou que estava mais preocupada com o crescimento.

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Deste modo, ela desencadeou diversos incentivos fiscais, mas não conseguiu equilibrar com o corte de gastos. E, ao invés de meta fiscal, o governo agora adota “manobras contábeis” para fechar as contas.

Apesar de tudo, a publicação destaca que o Brasil ainda tem algumas vantagens, como no setor de agricultura, energia e um mercado enorme e que os erros de Dilma Rousseff são pequenos se comparados ao da sua vizinha da Argentina, Cristina Kirchner. Porém, a situação do Brasil está cada vez mais difícil, com o boom de consumo arrefecendo, a demanda por commodities diminuindo e o fim do dinheiro barato pelo mundo. 

Contudo, apontam, sinais de uma política econômica mais clara estão sendo bem-vindos, partindo da elevação da taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), mostrando um comprometimento maior com a inflação e com Mantega afirmando que não usará mais a política fiscal para estimular a economia.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.