The Economist pendura Michel Temer no Cristo Redentor e analisa “juízo final” do presidente

Edição recente da revista britânica fala sobre hecatombe política, riscos de queda do peemedebista e futuro incerto da agenda de reformas pró-mercado

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A confusão do quadro político brasileiro atual é assunto da última edição da revista britânica The Economist, que trata da crise que se instalou sobre o governo Michel Temer e ameaça sua permanência no cargo, além das consequências dos recentes episódios sobre a agenda de reformas. A publicação aponta para os riscos da queda do peemedebista e os cenários que se desenham para o futuro, com a possibilidade de convocação de eleições indiretas.

“Ele (Temer) é o segundo presidente em um espaço de um ano que está lutando para permanecer no cargo, em meio a alegações de malfeitos e queda nas pesquisas de opinião. Sua antecessora, Dilma Rousseff, sofreu impeachment em 2016 em uma violação técnica da lei de responsabilidade fiscal. As acusações contra Temer são muito mais graves, mas suas chances de permanecer presidente podem ser mais claras”, diz a matéria de pouco mais de uma página. No entanto, “ao contrário de Dilma, Temer não é odiado pela elite”.

“Temer tem forças que sua desafortunada antecessora não teve”, avalia a reportagem. “Temer também desperta menos paixão que Rousseff despertou entre os eleitores da classe média (…) Essas pessoas são relutantes em participar dos ataques contra Temer e suas reformas pró-mercado”. A revista britânica mantém posição favorável às reformas trabalhista e da Previdência — sobretudo a última –, sob a justificativa de que tais medidas devem encorajar cortes mais agressivos nos juros e um aumento no nível de emprego.

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Na reportagem, há ainda destaque para a gravidade das acusações, antecipadas pelo jornal O Globo na noite da última quinta-feira (18), e o desembarque de dois partidos medianos da base aliada — PPS e PSB –, embora ministros nomeados por ambas as siglas continuem em seus respectivos cargos, com exceção de Roberto Freire, que deixou a pasta da Cultura.

“O destino de Temer está nas mãos das cortes, seus aliados no Congresso e a opinião pública”. O ambiente de incertezas sobre o futuro que se desenha também motiva o PSDB — principal fiador do atual governo — a permanecer na condição de principal aliado, pelo menos até que não surja uma alternativa mais favorável com maior clareza no horizonte.

No entendimento dos autores da reportagem, o foro em que o presidente corre maior risco de cair é o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que julga ação que pode cassar a chapa eleita em 2014, comandada pela ex-presidente Dilma Rousseff. “Até a última semana, analistas duvidavam que haveria risco [nesse julgamento]. Mas juízes mais experientes politicamente agora tendem a acreditar que a continuidade de Temer no cargo é a maior ameaça”.

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Em meio a tantas incertezas sobre o pós-Temer, The Economist observa as opções em eventual saída via eleições parlamentares: “Qualquer político com habilidade para conduzir as reformas pelo legislativo, como Maia, já é investigado, ou poderia ser em breve. Outros potenciais sucessores são Cármen Lúcia, a presidente da corte suprema, e Henrique Meirelles, o ministro da Fazenda, que tem o espírito para ser presidente. Mas Lúcia não é política e Meirelles foi o chairman da J&F, a holding dos Batista. Nelson Jobim, um ex-ministro, trabalhou para o BTG, banco cujo fundador foi preso no esquema da Petrobras”.

A conclusão da revista é que o peemedebista poderia apelar contra a decisão do tribunal, o que lhe poderia garantir tempo, “mas se seus aliados virarem as costas, o desafio poderia se esfacelar”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.