Temor do PT de delação, críticas de abuso e defesa da Lava Jato: as reações à prisão relâmpago de Mantega

Prisão já revogada do ex-ministro da Fazenda gerou diversas reações no mundo político - nos bastidores, PT teme delação premiada

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A prisão relâmpago do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na 34ª fase da Operação Lava Jato, a Arquivo X, gerou diversas reações no mundo político, principalmente por suas circunstâncias. Mantega foi avisado de sua prisão enquanto estava no hospital Albert Einstein, acompanhando a sua esposa em uma delicada cirurgia. Horas após a prisão, o juiz federal Sérgio Moro revogou sua decisão, alegando justamente a situação da esposa de Mantega. 

Antes da decisão ser revogada, a prisão foi condenada principalmente pela nova oposição. Mantega foi ministro da Fazenda dos governos Lula e Dilma Rousseff e é o que mais tempo ficou no cargo. 

O ex-presidente, aliás, deu declarações com diversas críticas sobre a atuação da Lava Jato; o petista classificou a prisão temporária de seu ex-ministro como um trabalho contra o Partido dos Trabalhadores na proximidade das eleições municipais. Em entrevista à Rádio Povo, em Fortaleza (CE), o petista criticou a forma como a Polícia Federal abordou Mantega no Hospital Albert Einstein e disse que a operação poderia se chamar “boca de urna”. Lula afirmou que Mantega “é um homem que foi ministro da Fazenda, que tem residência fixa, e portanto poderia ser tratado como todo ser humano tem que ser tratado”.

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A bancada do PT no Senado havia divulgado uma nota de manhã condenando a prisão do ex-ministro. Os senadores petistas disseram ter recebido “com extrema indignação” a notícia da prisão do ex-ministro. “O repúdio a essa ação da Polícia Federal é ainda maior em razão das condições desumanas, arbitrárias, e, mais uma vez, espetaculosas como foi realizada, sendo o ex-ministro preso por agentes do Estado em um hospital enquanto acompanhava a mulher numa intervenção cirúrgica a que se submeteria para tratamento de câncer”, destacou o comunicado.

Em nota, o líder da oposição no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que a prisão do ex-ministro constituia-se em mais uma prova da ilegalidade e da propaganda política que caracteriza a Lava Jato. “Mantega nunca se recusou a prestar esclarecimentos à Justiça, não se encontrava foragido da Justiça nem pretendia se colocar fora do alcance da Justiça”, disse. Ele ainda afirmou: ” a prova do absurdo: a pressão e a denúncia da arbitrariedade garantiram um recuo na esdrúxula prisão do ex-ministro Guido Mantega. Ele estava no hospital para acompanhar a cirurgia da esposa, que sofre de câncer. O showzinhomidiático da força-tarefa [da Operação Jato] teve apenas o objetivo de aquecer a pauta da mídia empresarial e criminalizar o PT”, afirmou o petista.

Já para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), Moro recuou diante da repercussão negativa da prisão de Mantega no hospital. “Depois de críticas e protestos a mais uma arbitrariedade, Moro recua e revoga a prisão de Mantega, justificando acompanhamento à cirurgia da mulher. A ordem pública não corre mais risco!”, disse Gleisi em sua página no Facebook.

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Pelo Twitter, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), classificou a atitude de Moro de lamentável. “Prende-se um cidadão no hospital, ao lado da mulher com câncer, que ia se submeter a uma cirurgia. Depois, manda-se soltar. Que vergonha! Ficam absolutamente claros o abuso e o autoritarismo que o próprio autor [juiz Sérgio Moro] reconhece com a revogação do ato. Lamentável!”, escreveu o senador em sua conta na rede social.

Agora situação ao governo Michel Temer, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que “essa nova fase da Operação Lava Jato demonstra o quanto os interesses do PT se confundiam com ações do governo, envolvendo agora o mais longevo ministro da economia da história do Brasil. As denúncias precisam ser investigadas em profundidade para que as responsabilidades sejam determinadas. Nem por isso, entretanto, o PSDB deixa de compreender a decisão do juiz Sérgio Moro que, por razões humanitárias, revogou a prisão do ex-ministro Guido Mantega. A decisão é compreensível em razão do estado de saúde da esposa do ex-ministro, mas, certamente, no momento adequado, ele será chamado a se colocar à disposição da Justiça”.

Antes da revogação, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que sempre foi senso comum que Mantega apenas cumpria “os mandos e desmandos” que a ex-presidente Dilma Rousseff ditava para a política econômica. “Faltava autonomia ao ministro para comandar sua própria pasta. Por que imaginar que sua participação no petrolão seguiu critério diferente? Mantega sempre agiu sob ordens diretas do Palácio do Planalto”, disse o senador em uma rede social.

Segundo Caiado, um ponto levantado na coletiva da força-tarefa da Lava Jato foi o fato de Mantega ter sido presidente do Conselho da Petrobras. “E isso foi crucial para que a investigação chegasse à sua prisão temporária. Ora, Dilma também foi presidente do conselho da empresa, justamente no momento em que a estatal comprou a Refinaria de Pasadena. Se essa for a lógica da investigação, podemos esperar a ex-presidente nas próximas fases da investigação?”, questionou o senador.

Bastidores
Enquanto isso, nos bastidores, o PT segue temeroso sobre a situação de Mantega mesmo após a revogação da prisão por Moro. Segundo o blog de Gerson Camarotti, do G1, o PT já trabalha com um cenário de delação premiada de Mantega mesmo depois de ser solto. Isso porque, para petistas, Mantega está fragilizado do ponto de vista pessoal e jurídico.

 De acordo com petistas ouvidos pelo jornalista, a situação de Mantega ficou extremamente delicada depois do conteúdo do depoimento do empresário Eike Batista relatando que pagou propina no exterior para os publicitários João Santana e Mônica Moura por determinação do próprio Mantega. O PT teme ainda que a delação da Odebrecht agrave a situação do ex-ministro. 

(Com Agência Brasil) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.